Final de tarde de dia de semana. Han Solo ocupa-se da preparação do jantar na cozinha. Eu estou na sala com os miúdos.
De repente, tudo às escuras.
Ursinho: - O filme mamã? O filme?
Flaminga:-Não se vê nada!
Futebolista:-Fogo pá!
Pouco tempo depois cada um estava já munido da sua lanterna e a começar a perceber que uma casa à luz da lanterna se podia tornar mesmo muito divertida...
Brincadeira pegada e ruidosa.
Han Solo:-Se a luz não voltar acho que vamos comer fora.
Eis que... volta a luz.
Futebolista:-Fogo, pá! Já não vamos jantar fora!
Flaminga, Ursinho e Futebolista: - Apaguem as luzes!! Queremos continuar a brincar!!
Viagens pelo mundo, por Portugal, pela rua. Viagens por terras desconhecidas e viagens interiores, viagens na ponta dos dedos através de teclas ou folhas de papel. Pois se o que importa não é o destino mas a viagem, e o que é a vida senão uma grande viagem...
Viajar! Perder países!
Viajar! Perder países!
Ser outro constantemente,
Por a alma não ter raízes
De viver de ver somente!
Não pertencer nem a mim!
Ir em frente, ir a seguir
A ausência de ter um fim,
E a ânsia de o conseguir!
Viajar assim é viagem.
Mas faço-o sem ter de meu
Mais que o sonho da passagem.
O resto é só terra e céu.
Fernando Pessoa
Ser outro constantemente,
Por a alma não ter raízes
De viver de ver somente!
Não pertencer nem a mim!
Ir em frente, ir a seguir
A ausência de ter um fim,
E a ânsia de o conseguir!
Viajar assim é viagem.
Mas faço-o sem ter de meu
Mais que o sonho da passagem.
O resto é só terra e céu.
Fernando Pessoa
terça-feira, 24 de dezembro de 2013
domingo, 22 de dezembro de 2013
Momentos XXV
Futebolista: -Mãe, é melhor dar ou receber?
-Bem, na verdade as duas coisas são boas. Eu gosto muito de pensar em coisas para vos oferecer, de que é que vocês irão gostar... Receber também é bom, claro...
Futbolista: -Pois é mãe, acho que dar é a resposta certa (...) É melhor dar um murro do que receber...
-Bem, na verdade as duas coisas são boas. Eu gosto muito de pensar em coisas para vos oferecer, de que é que vocês irão gostar... Receber também é bom, claro...
Futbolista: -Pois é mãe, acho que dar é a resposta certa (...) É melhor dar um murro do que receber...
quarta-feira, 18 de dezembro de 2013
Falta de RAM
Há alturas em que me sinto mesmo com falta de RAM. Ele é trabalhos diversos para acabar antes do final do ano, ele é reuniões de final de período, lanches de Natal variados, doenças infantis, medicamentos respectivos, preparativos do Natal que se avizinha. Ainda não é possível ligar discos externos ao cérebro??
domingo, 15 de dezembro de 2013
Momentos XXIV
Faminga para ursinho, mostrando um livro com autocolantes de fadas.
-Ursinho, qual é mais gira?
Ursinho meio a rir: - Eu não sou uma menina!
Insistência da irmã.
-Ursinho: - Esta é a menos feia.
-Ursinho, qual é mais gira?
Ursinho meio a rir: - Eu não sou uma menina!
Insistência da irmã.
-Ursinho: - Esta é a menos feia.
RIP Nelson Mandela
É difícil escrever sobre alguém que nos provoca a mais profundo respeito e admiração. E não são muitas as pessoas que me façam sentir isso.
Muito se escreveu, muito se viu e ouviu chegando a um exagero e desfile de vaidades políticas públicas.
Acho que Madiba teria gostado sobretudo das manifestações espontâneas das pessoas anónimas, do seu povo que tanto o amava e que ele amava tanto.
Uma pessoa que passa quase 30 anos no cárcere e de lá sai com a força, motivação e tolerância para conseguir alcançar a paz e democracia num país com tantas tensões é sem dúvida um carácter excepcional. Sobretudo, talvez, pela sua incrível capacidade de não guardar rancor e chamar os seus perseguidores para a mesa das negociações e alguns mesmo para o seu Governo.
Homens assim fazem muita falta neste mundo.
Muito se escreveu, muito se viu e ouviu chegando a um exagero e desfile de vaidades políticas públicas.
Acho que Madiba teria gostado sobretudo das manifestações espontâneas das pessoas anónimas, do seu povo que tanto o amava e que ele amava tanto.
Uma pessoa que passa quase 30 anos no cárcere e de lá sai com a força, motivação e tolerância para conseguir alcançar a paz e democracia num país com tantas tensões é sem dúvida um carácter excepcional. Sobretudo, talvez, pela sua incrível capacidade de não guardar rancor e chamar os seus perseguidores para a mesa das negociações e alguns mesmo para o seu Governo.
Homens assim fazem muita falta neste mundo.
quarta-feira, 4 de dezembro de 2013
E venha mais uma...
Febre. Queixas na garganta. Ursinho com provável escarlatina. Confirmada.
Escarlatina debelada. Ida ao médico para receber "alta" e papelinho para regresso ao infantário.
Eis que ao levantar a camisola... - São borbulhas de varicela!! - excalama Viajante mal acreditando no que via.
Borbulhas e mais borbulhas, no peito, na cara, cabeça e pior, na boca, céu da boca e garganta.
Varicela finalmente a melhorar...
Escarlatina debelada. Ida ao médico para receber "alta" e papelinho para regresso ao infantário.
Eis que ao levantar a camisola... - São borbulhas de varicela!! - excalama Viajante mal acreditando no que via.
Borbulhas e mais borbulhas, no peito, na cara, cabeça e pior, na boca, céu da boca e garganta.
Varicela finalmente a melhorar...
Da graxa...
Futebolista: - Lá na turma quase todos gostam da N.
Eu: - Mas a F. é mais gira(?)
Futebolista: - São todas feias.
Eu: - Então diz-me lá o nome de uma miúda gira.
Futebolista: - A mamã.
Eu: - Mas a F. é mais gira(?)
Futebolista: - São todas feias.
Eu: - Então diz-me lá o nome de uma miúda gira.
Futebolista: - A mamã.
terça-feira, 12 de novembro de 2013
O conforto de uma chávena de chá
Uma viagem de autocarro até uma cidade medieval. O sono que vence durante um tempo. O barulho e animação das ruas. Tempos em que já fiz melhor companhia a mim própria. O conforto de uma chávena de chá que aquece a alma e o corpo.
terça-feira, 22 de outubro de 2013
O banho do Norbert
O ursinho tem um urso de grande estimação que dá pelo nome de Norbert. Já era do irmão, mas este nunca teve com ele uma relação tão estreita. Talvez por agora se tratarem de dois ursinhos...
O Norbert acompanha o ursinho em tudo - dorme na cama dele, acompanha-o às refeições e até à porta da sala da escola, onde se recolhe à mochila e aí aguarda o seu amigo até à hora de saída. À hora do banho aguarda pacientemente em cima do lavatório. Nunca se separam, de tal forma que de há uns tempos para cá o Norbert andava tão encardido que quase colava ao toque e definitivamente não se podia cheirar. Mas o apego é tal que o ursinho nem queria ouvir que o seu urso tinha que tomar banho e portanto afastar-se dele durante umas horas.
Hoje foi o dia, fruto de um esquecimento em casa na saída para a escola, muito lamentado pelo ursinho quando disso deu conta.
O Norbert parece outro, limpo, mais clarinho, bem cheiroso e (pelo menos ao meu olhar) muito mais bonito. Esperemos que o seu amigo concorde...
O Norbert acompanha o ursinho em tudo - dorme na cama dele, acompanha-o às refeições e até à porta da sala da escola, onde se recolhe à mochila e aí aguarda o seu amigo até à hora de saída. À hora do banho aguarda pacientemente em cima do lavatório. Nunca se separam, de tal forma que de há uns tempos para cá o Norbert andava tão encardido que quase colava ao toque e definitivamente não se podia cheirar. Mas o apego é tal que o ursinho nem queria ouvir que o seu urso tinha que tomar banho e portanto afastar-se dele durante umas horas.
Hoje foi o dia, fruto de um esquecimento em casa na saída para a escola, muito lamentado pelo ursinho quando disso deu conta.
O Norbert parece outro, limpo, mais clarinho, bem cheiroso e (pelo menos ao meu olhar) muito mais bonito. Esperemos que o seu amigo concorde...
sábado, 12 de outubro de 2013
Partilhas
Por motivos que ainda não saberei bem explicar, deixei de ter muita vontade de partilhar os posts deste blog no facebook.
É muito notório de que quando o faço os posts são muito mais lidos. E não tendo eu pretensões de bater recordes de visualizações, claro que se se publica o que se escreve é na expectativa de que seja lido.
Mas tenho-me questionado se o tipo de público do facebook (com uma série de excepções, claro!) na generalidade se interessará por estas partilhas que não sendo, acho eu, demasiado explícitas em termos de partilha de vida privada - isso não me interessa -, expõem visões e reflexões muito pessoais. Vejo o facebook como algo de sobretudo institucional e tenho tido estas dúvidas sobre se ao partilhar lá os posts não estou a sobrepor esferas de diferente âmbito.
Como dizia um amigo meu, o facebook não é o local ideal para ter discussões com algum tipo de profundidade, nem para partilhar pontos de vista com alguma densidade. E eu concordo...
Por outro lado, a todos os que partilham da "minha esfera" (e eles sabem quem são), compreendo perfeitamente que não queiram subscrever blogs para não ficarem atulhados com mais mensagens e mais informação (eu não sigo muitos em parte por isso...) Mas por outro lado gosto que eles leiam e opinem o que escrevo e é compreensível, mas uma vez, que o facebook seja um meio de acesso mais prático.
Enquanto esclareço o dilema mantém-se o blackout...
É muito notório de que quando o faço os posts são muito mais lidos. E não tendo eu pretensões de bater recordes de visualizações, claro que se se publica o que se escreve é na expectativa de que seja lido.
Mas tenho-me questionado se o tipo de público do facebook (com uma série de excepções, claro!) na generalidade se interessará por estas partilhas que não sendo, acho eu, demasiado explícitas em termos de partilha de vida privada - isso não me interessa -, expõem visões e reflexões muito pessoais. Vejo o facebook como algo de sobretudo institucional e tenho tido estas dúvidas sobre se ao partilhar lá os posts não estou a sobrepor esferas de diferente âmbito.
Como dizia um amigo meu, o facebook não é o local ideal para ter discussões com algum tipo de profundidade, nem para partilhar pontos de vista com alguma densidade. E eu concordo...
Por outro lado, a todos os que partilham da "minha esfera" (e eles sabem quem são), compreendo perfeitamente que não queiram subscrever blogs para não ficarem atulhados com mais mensagens e mais informação (eu não sigo muitos em parte por isso...) Mas por outro lado gosto que eles leiam e opinem o que escrevo e é compreensível, mas uma vez, que o facebook seja um meio de acesso mais prático.
Enquanto esclareço o dilema mantém-se o blackout...
Recompensas
A vida de estudante tinha um aspecto muito tranquilizador comparada com a vida profissional ou mesmo outras vertentes da vida: uma forma muito clara de medir se as coisas estavam a correr bem ou não. Se corriam bem, as classificações eram boas; se corriam mal, eram más. Com algumas excepções como em tudo na vida, claro.
Na vida profissional e pessoal não existem medidores tão óbvios, ou nalguns casos não existem de todo. É uma espécie de navegação por instinto, sem bússola nem GPS. De vez em quando recebem-se gratos sinais, tema já abordado num post anterior.
Custa um bocado fazer uso da autoridade, mas sou daquelas que acredita que há alturas em que é essencial fazê-lo. Só poderemos ser exigentes com nós próprios (e com os outros) se forem exigentes connosco também. Claro que o balanço não é fácil e as dúvidas perseguem-nos incessantemente.
Fico feliz e muito aliviada sempre que vejo que esta persistência dá frutos. Sobretudo quando acompanhada da felicidade genuína de um filho ao transmitir que tinha cumprido. Não só por saber que assim faria a mãe feliz - mas essencialmente por perceber que é capaz de concretizar o que até aí não tinha sido.
Na vida profissional e pessoal não existem medidores tão óbvios, ou nalguns casos não existem de todo. É uma espécie de navegação por instinto, sem bússola nem GPS. De vez em quando recebem-se gratos sinais, tema já abordado num post anterior.
Custa um bocado fazer uso da autoridade, mas sou daquelas que acredita que há alturas em que é essencial fazê-lo. Só poderemos ser exigentes com nós próprios (e com os outros) se forem exigentes connosco também. Claro que o balanço não é fácil e as dúvidas perseguem-nos incessantemente.
Fico feliz e muito aliviada sempre que vejo que esta persistência dá frutos. Sobretudo quando acompanhada da felicidade genuína de um filho ao transmitir que tinha cumprido. Não só por saber que assim faria a mãe feliz - mas essencialmente por perceber que é capaz de concretizar o que até aí não tinha sido.
quinta-feira, 10 de outubro de 2013
Momentos XXIII
-Tenho que fazer uma pesquisa no fim de semana sobre o corpo humano. - diz o futebolista.
-Mas sobre que parte do corpo humano?
-Eu queria o sistema respiratório, mas já estava ocupado! Teve que ser... a reprodução.
(...)
-Bem, isso é giro. Pode ser que descubras que queres ser médico.
-Ah, médico!!?? Nem pensar. Se ainda fosse veterinário! Não quero ser médico só de uma espécie!
-Mas sobre que parte do corpo humano?
-Eu queria o sistema respiratório, mas já estava ocupado! Teve que ser... a reprodução.
(...)
-Bem, isso é giro. Pode ser que descubras que queres ser médico.
-Ah, médico!!?? Nem pensar. Se ainda fosse veterinário! Não quero ser médico só de uma espécie!
quinta-feira, 3 de outubro de 2013
Frases de Agatha Christie
Algures entre os meus 7, 8 anos e os 13, anualmente tinha que passar uma quinzena a fazer tratamentos termais por culpa de uma bronquite asmática, no mês de Setembro, depois das férias grandes. O meu pai estava nesse mês a trabalhar, já depois de ter gozado as suas férias, pelo que era a minha mãe, professora (à data as aulas começavam só em Outubro) que me acompanhava, com a minha irmã. Essa temporada era para mim uma grandessíssima seca: como eu dizia, só havia nas termas pessoas com menos de 8 ou mais de 80 anos; os tratamentos, não sendo dolorosos ou particularmente incómodos, eram uma neura; nesse período estava, por recomendação médica, proibida de comer gelados e ir à praia (vá-se lá saber porquê).
Eu comecei a ler livros muito, muito nova. E nestes períodos termais lia, lia furiosamente tudo o que me aparecia à frente. E foi aí que descobri os livros de Agatha Christie (à volta dos meus 10 anos, julgo eu). Foi uma grande descoberta. Adorei-os, li-os todos de uma ponta à outra. Ainda hoje acho-os os melhores livros policiais; mais tarde também gostei imenso da série, em televisão, com um fantástico Hercule Poirot.
Depois desta longa introdução, apenas para dizer que me deparei por acaso com algumas frases de Agatha Christie, muito curiosas, num site de uma biblioteca algures deste território português. Aqui as partilho
-Casa-te com um arqueólogo. Quanto mais velha te tornares, mais encantadora te achará.
-As conversas são sempre perigosas quando se tem algo a ocultar. Os velhos pecados têm sombras grandes.
-No que diz respeito às grandes somas, o mais recomendável é não confiar em ninguém.
-Ganhar uma guerra é tão desastroso como perdê-la.
-Santo Deus, nunca compreendera quantas explicações é preciso dar num assassínio.
-O assassino costuma ser um antigo amigo da vítima.
-A melhor receita para o romance policial: o detective não deve nunca saber mais que o leitor.
-É ridículo situar uma história de detectives na cidade de Nova Iorque.
-Qualquer mulher pode enganar um homem, se ela quiser e ele estiver apaixonado por ela.
-Nada mais curioso do que os hábitos. Quase ninguém sabe que os tem.
-Não reconhecemos os momentos realmente importantes da vida até ser demasiado tarde.
-O melhor momento para planear um livro é enquanto se lava a loiça.
Eu comecei a ler livros muito, muito nova. E nestes períodos termais lia, lia furiosamente tudo o que me aparecia à frente. E foi aí que descobri os livros de Agatha Christie (à volta dos meus 10 anos, julgo eu). Foi uma grande descoberta. Adorei-os, li-os todos de uma ponta à outra. Ainda hoje acho-os os melhores livros policiais; mais tarde também gostei imenso da série, em televisão, com um fantástico Hercule Poirot.
Depois desta longa introdução, apenas para dizer que me deparei por acaso com algumas frases de Agatha Christie, muito curiosas, num site de uma biblioteca algures deste território português. Aqui as partilho
-Casa-te com um arqueólogo. Quanto mais velha te tornares, mais encantadora te achará.
-As conversas são sempre perigosas quando se tem algo a ocultar. Os velhos pecados têm sombras grandes.
-No que diz respeito às grandes somas, o mais recomendável é não confiar em ninguém.
-Ganhar uma guerra é tão desastroso como perdê-la.
-Santo Deus, nunca compreendera quantas explicações é preciso dar num assassínio.
-O assassino costuma ser um antigo amigo da vítima.
-A melhor receita para o romance policial: o detective não deve nunca saber mais que o leitor.
-É ridículo situar uma história de detectives na cidade de Nova Iorque.
-Qualquer mulher pode enganar um homem, se ela quiser e ele estiver apaixonado por ela.
-Nada mais curioso do que os hábitos. Quase ninguém sabe que os tem.
-Não reconhecemos os momentos realmente importantes da vida até ser demasiado tarde.
-O melhor momento para planear um livro é enquanto se lava a loiça.
segunda-feira, 30 de setembro de 2013
Isaltinar
Os relatos dos gritos entusiásticos pelo Isaltino e da sua reacção através das grades enviando jornais em chamas roça o surrealismo.
Podia ser uma cena de um filme dos irmãos Cohen, ou então do David Lynch.
O homem está preso por crimes que cometeu no desempenho das suas funções como autarca e mesmo assim "ele" ganha.
Às vezes a realidade consegue mesmo ultrapassar a ficção.
Podia ser uma cena de um filme dos irmãos Cohen, ou então do David Lynch.
O homem está preso por crimes que cometeu no desempenho das suas funções como autarca e mesmo assim "ele" ganha.
Às vezes a realidade consegue mesmo ultrapassar a ficção.
terça-feira, 17 de setembro de 2013
Apercebemo-nos da irremediável passagem do tempo quando...
...começamos a receber e-mails da Tena Lady.
segunda-feira, 9 de setembro de 2013
O vento a mudar
Ontem ao final da tarde estávamos a ouvir o vento a soprar lá fora, mais frio do que o habitual, cada um ocupado em tarefas mais tranquilas do que é costume, na minha casa tão movimentada. Eu lia enroscada no sofá, o Han Solo estava no computador e o futebolista e a flaminga jogavam com umas cartas fabricadas pelo primeiro com um simples papel de rascunho e uma esferográfica. O ursinho não estava em casa, mas com os avós, por sinal também tranquilo, a dormir uma sesta.
E tal como a personagem do livro que eu lia, à qual o vento trazia premonições e mudanças de vida, dei por mim a sentir que finalmente o outono não vai tardar. E no fim de contas, apesar das suas desvantagens, traz também consigo alguns destes momentos intimistas de reflexão e encontro connosco próprios. Não sei se tenho já vontade de me despedir do verão, mas naquele momento soube que estava preparada para a chegada do outono e para as mudanças que este traz com ele.
E tal como a personagem do livro que eu lia, à qual o vento trazia premonições e mudanças de vida, dei por mim a sentir que finalmente o outono não vai tardar. E no fim de contas, apesar das suas desvantagens, traz também consigo alguns destes momentos intimistas de reflexão e encontro connosco próprios. Não sei se tenho já vontade de me despedir do verão, mas naquele momento soube que estava preparada para a chegada do outono e para as mudanças que este traz com ele.
sexta-feira, 6 de setembro de 2013
Xeque ao Ensino (público)
É difícil explicar o quanto me irrita e repugna a medida proposta à Assembleia vulgarmente designada por “cheque-ensino”.
Tenho acompanhado este assunto, que me preocupa, na comunicação social. As primeiras notícias mais definidas sobre o tema surgiram em Agosto. Claro, bem em pleno Agosto com o povo de férias. Devo dizer que as primeiras vezes que ouvi algo sobre o tema não me pareceu nada de especial. Algo de muito indefinido, falava-se em alunos de famílias carenciadas, e tal… Até ler esse artigo do Público de Agosto.
Então é o seguinte: os alunos em zonas que carecem de estabelecimentos de Ensino já estão actualmente abrangidos pelos tais contratos entre o Estado e escolas privadas para que a educação lhes esteja garantida; pelo que sei, para alunos de famílias carenciadas também já existem alguns apoios para frequentarem escolas privadas. Se não têm todos acesso ainda de forma digna, então, se a opção de fazer mais escolas públicas não está em cima da mesa (???) então que se façam mais dos tais contratos de associação. Neste domínio, o novo diploma nada acrescenta.
Agora factos: o organismo público competente recentemente divulgou os números - está comprovado que um aluno a estudar no ensino público custa menos ao Estado que um aluno que estude no Ensino particular apoiado pelo Estado. Mais: dados recentes da OCDE comprovam que este cheque-ensino NÃO diminui desigualdades no acesso à Educação.
Então perguntamo-nos: Porquê? Lamentavelmente, mais nenhuma explicação emerge do que a obsessão em privatizar o Ensino, de o entregar a privados que já sobejamente demonstraram que não defendem o interesse público, como é óbvio. O seu objetivo é o lucro, e é natural e não criticável que assim seja. Mas, convém que abramos os olhos – não às nossas custas!!
O perigo desta medida não tem apenas a ver com a ameaça de pôr as famílias a pagar o ensino obrigatório. O ensino público, com todos os defeitos que tem, promove de facto uma igualdade de acesso ao Ensino a todos (a possível – que com certeza pode ser melhorada e é aí que os esforços devem ser empregues). E isto é das coisas mais fundamentais para sustentar um país decente para viver e que propicie condições de vida dignas aos seus cidadãos. É certo que os alunos nunca vão ser iguais; mas já agora, que sejam o mais iguais possível.
Custa-me muito a acreditar que uma medida destas possa passar assim. Eu aceito financiar um Ensino para todos; não aceito financiar acessos a colégios para alguns (que tenham alternativas públicas).
Há tantos assuntos menores que fazem correr tanta tinta. Que movem tanta gente e tantas opiniões. Isto é muito importante, aqui e agora. Para nós, para os nossos filhos e para os filhos deles. Para os nossos amigos, e menos amigos, para todo o país. Eu sou de opinião que devemos escolher as nossas lutas – não, não dá para todas. Mas esta é daquelas que vale bem a pena!
Apelo aos leitores que partilhem este texto, caso concordem com ele. Já muitos exemplos houve de recuos em face de protestos. Este pode bem ser mais um, e tomara que seja.
Tenho acompanhado este assunto, que me preocupa, na comunicação social. As primeiras notícias mais definidas sobre o tema surgiram em Agosto. Claro, bem em pleno Agosto com o povo de férias. Devo dizer que as primeiras vezes que ouvi algo sobre o tema não me pareceu nada de especial. Algo de muito indefinido, falava-se em alunos de famílias carenciadas, e tal… Até ler esse artigo do Público de Agosto.
Então é o seguinte: os alunos em zonas que carecem de estabelecimentos de Ensino já estão actualmente abrangidos pelos tais contratos entre o Estado e escolas privadas para que a educação lhes esteja garantida; pelo que sei, para alunos de famílias carenciadas também já existem alguns apoios para frequentarem escolas privadas. Se não têm todos acesso ainda de forma digna, então, se a opção de fazer mais escolas públicas não está em cima da mesa (???) então que se façam mais dos tais contratos de associação. Neste domínio, o novo diploma nada acrescenta.
Agora factos: o organismo público competente recentemente divulgou os números - está comprovado que um aluno a estudar no ensino público custa menos ao Estado que um aluno que estude no Ensino particular apoiado pelo Estado. Mais: dados recentes da OCDE comprovam que este cheque-ensino NÃO diminui desigualdades no acesso à Educação.
Então perguntamo-nos: Porquê? Lamentavelmente, mais nenhuma explicação emerge do que a obsessão em privatizar o Ensino, de o entregar a privados que já sobejamente demonstraram que não defendem o interesse público, como é óbvio. O seu objetivo é o lucro, e é natural e não criticável que assim seja. Mas, convém que abramos os olhos – não às nossas custas!!
O perigo desta medida não tem apenas a ver com a ameaça de pôr as famílias a pagar o ensino obrigatório. O ensino público, com todos os defeitos que tem, promove de facto uma igualdade de acesso ao Ensino a todos (a possível – que com certeza pode ser melhorada e é aí que os esforços devem ser empregues). E isto é das coisas mais fundamentais para sustentar um país decente para viver e que propicie condições de vida dignas aos seus cidadãos. É certo que os alunos nunca vão ser iguais; mas já agora, que sejam o mais iguais possível.
Custa-me muito a acreditar que uma medida destas possa passar assim. Eu aceito financiar um Ensino para todos; não aceito financiar acessos a colégios para alguns (que tenham alternativas públicas).
Há tantos assuntos menores que fazem correr tanta tinta. Que movem tanta gente e tantas opiniões. Isto é muito importante, aqui e agora. Para nós, para os nossos filhos e para os filhos deles. Para os nossos amigos, e menos amigos, para todo o país. Eu sou de opinião que devemos escolher as nossas lutas – não, não dá para todas. Mas esta é daquelas que vale bem a pena!
Apelo aos leitores que partilhem este texto, caso concordem com ele. Já muitos exemplos houve de recuos em face de protestos. Este pode bem ser mais um, e tomara que seja.
quarta-feira, 4 de setembro de 2013
Incêndios
(Quase) todos os anos é a mesma coisa. Digo quase porque há alguns anos mais propensos a incêndios que outros. E este foi um deles: muita chuva no inverno, muito calor no verão. Muita biomassa para arder. E cá está a arder.
Quando percebemos um pouco dos assuntos “quentes” da comunicação social é arrepiante a falta de conhecimento, esclarecimento ,oportunismo e sensacionalismo das notícias que são transmitidas. O que faz com que fique a desconfortável sensação dos disparates que também devemos engolir todos os dias sobre áreas que não dominamos.
Não percebo o fetiche da grande maioria das pessoas com os incendiários. Ainda ontem na rádio uma presidente da Câmara tinha a certeza de “ser fogo posto”. Eu punha as minhas mãos no fogo sobre se a senhora tinha as habilitações necessárias para saber identificar um fogo posto. Esta obsessão do fogo posto também é partilhada pelos meios de comunicação. Suponho que seja porque o cheiro a crime atrai mais audiência. Mas é uma pena que não se ouçam os especialistas na matéria.
80% dos fogos são de origem acidental. Esta percentagem vem de anos de estudos dos profissionais habilitados na área. Acidental, mas na grande maioria consequência de desleixo e incúria. Uma beata atirada de um carro em movimento; vidros deixados em matas que provocam as ignições. Era importante que este tipo de informação fosse transmitida ao grande público, já que grande quantidade de pessoas poderá ter comportamentos que podem dar início a incêndios sem mesmo terem consciência disso. Claro, há outros factores, e a chave estará na gestão florestal, que tem múltiplos problemas associados. É bom também ter em mente que os incêndios sempre existiram, e existirão, em Portugal, tal como existem em todas as regiões mediterrânicas do mundo, pois é nestas zonas um fenómeno natural. A acção será sempre no sentido de diminuir o nº e extensão de incêndios, alertar mais rápido, combater mais depressa, de forma mais segura.
Haver incendiários é lamentável, mas provavelmente sempre os haverá. Têm que ser devidamente julgados (se calhar tratados, em muitos casos). Actos de incúria podem ser em parte evitados com uma correcta sensibilização – e responsabilização, claro, sempre que possível. Se os meios de comunicação se focassem mais nisso e menos na especulação sobre incendiários e em dar tempo de antena a quem ignora a matéria provavelmente conseguíamos ter menos incêndios e menos mortes.
Quando percebemos um pouco dos assuntos “quentes” da comunicação social é arrepiante a falta de conhecimento, esclarecimento ,oportunismo e sensacionalismo das notícias que são transmitidas. O que faz com que fique a desconfortável sensação dos disparates que também devemos engolir todos os dias sobre áreas que não dominamos.
Não percebo o fetiche da grande maioria das pessoas com os incendiários. Ainda ontem na rádio uma presidente da Câmara tinha a certeza de “ser fogo posto”. Eu punha as minhas mãos no fogo sobre se a senhora tinha as habilitações necessárias para saber identificar um fogo posto. Esta obsessão do fogo posto também é partilhada pelos meios de comunicação. Suponho que seja porque o cheiro a crime atrai mais audiência. Mas é uma pena que não se ouçam os especialistas na matéria.
80% dos fogos são de origem acidental. Esta percentagem vem de anos de estudos dos profissionais habilitados na área. Acidental, mas na grande maioria consequência de desleixo e incúria. Uma beata atirada de um carro em movimento; vidros deixados em matas que provocam as ignições. Era importante que este tipo de informação fosse transmitida ao grande público, já que grande quantidade de pessoas poderá ter comportamentos que podem dar início a incêndios sem mesmo terem consciência disso. Claro, há outros factores, e a chave estará na gestão florestal, que tem múltiplos problemas associados. É bom também ter em mente que os incêndios sempre existiram, e existirão, em Portugal, tal como existem em todas as regiões mediterrânicas do mundo, pois é nestas zonas um fenómeno natural. A acção será sempre no sentido de diminuir o nº e extensão de incêndios, alertar mais rápido, combater mais depressa, de forma mais segura.
Haver incendiários é lamentável, mas provavelmente sempre os haverá. Têm que ser devidamente julgados (se calhar tratados, em muitos casos). Actos de incúria podem ser em parte evitados com uma correcta sensibilização – e responsabilização, claro, sempre que possível. Se os meios de comunicação se focassem mais nisso e menos na especulação sobre incendiários e em dar tempo de antena a quem ignora a matéria provavelmente conseguíamos ter menos incêndios e menos mortes.
Mimo, alimentação e vacinas
Não sou leitora habitual da Pais & Filhos, mas gostei muito deste texto.
http://www.paisefilhos.pt/index.php/destaque/6496-o-cuidado-dos-bebes-esta-muito-medicalizado
Por acaso acho que o título nem está muito bem posto, apesar de provavelmente ser verdade. Isto porque uma série de aspectos que ele foca também podem (e frequentemente são) correctamente transmitidos por um pediatra e, aliás, ele próprio é pediatra.
O artigo foca as 3 coisas do título sobre as quais sempre tive a opinião que este partilha.
Mimo – bem, o mimo pode ser muitas coisas. A parte negativa do mimo será no caso das crianças que obtêm tudo o que pedem (pensando num conceito material, sobretudo; porque não hão-de ter um abraço ou um beijo sempre que o pedem??) Mas o mimo é sobretudo o carinho e atenção; e carinho a mais nunca fez mal a ninguém, muito pelo contrário. Claro que do meu ponto de vista ser carinhoso por vezes é contrariar carinhosamente. Mas enfim, acho que o termo mimo ficou com uma fama muito indesejável, que não faz jus à palavra no seu significado real.
Alimentação – nunca fui apologista de obrigar as crianças a “limpar” o prato – e sempre ouvi muitas opiniões contrárias, e até críticas, por não ser apologista disso. Acho, como diz o entrevistado, que é uma violência obrigar a comer. Para mim é – ter que comer sem ter fome é terrível. Se houver boas regras de alimentação, não é nenhum drama que a criança não coma tudo – nem implica desperdício, pode-se (quase) sempre guardar para próxima ocasião. Se calhar temos é que nos habituar a pôr menos no prato e se estas quiserem mais, repetem.
Vacinas – acho bastante assustadora esta corrente que pelos vistos tem ganho muitos adeptos de que as vacinas fazem mal e não devem ser tomadas. É possível que alguns efeitos negativos existam. Mas são algo já de tão, tão, mas tão testado, que se houvesse algum efeito verdadeiramente mau e claro este já tinha sido detectado. Como é evidente, as vacinas mais recentes – algumas até não incluídas no Plano Nacional de Vacinação – são bastante menos testadas. Mas a esmagadora maioria são-no, e ao recusar-se a vacinação está-se realmente a pôr em perigo a saúde da criança, mas também a de quem a rodeia – basta ver o comentário relativo ao aumento da taxa de sarampo citada pelo entrevistado. E o sarampo pode ser uma doença bem perigosa (e até mortal), que pode deixar marcas para a vida.
Enfim, é bom de vez em quando ver escrito algo que vem de encontro ao que pensamos.
http://www.paisefilhos.pt/index.php/destaque/6496-o-cuidado-dos-bebes-esta-muito-medicalizado
Por acaso acho que o título nem está muito bem posto, apesar de provavelmente ser verdade. Isto porque uma série de aspectos que ele foca também podem (e frequentemente são) correctamente transmitidos por um pediatra e, aliás, ele próprio é pediatra.
O artigo foca as 3 coisas do título sobre as quais sempre tive a opinião que este partilha.
Mimo – bem, o mimo pode ser muitas coisas. A parte negativa do mimo será no caso das crianças que obtêm tudo o que pedem (pensando num conceito material, sobretudo; porque não hão-de ter um abraço ou um beijo sempre que o pedem??) Mas o mimo é sobretudo o carinho e atenção; e carinho a mais nunca fez mal a ninguém, muito pelo contrário. Claro que do meu ponto de vista ser carinhoso por vezes é contrariar carinhosamente. Mas enfim, acho que o termo mimo ficou com uma fama muito indesejável, que não faz jus à palavra no seu significado real.
Alimentação – nunca fui apologista de obrigar as crianças a “limpar” o prato – e sempre ouvi muitas opiniões contrárias, e até críticas, por não ser apologista disso. Acho, como diz o entrevistado, que é uma violência obrigar a comer. Para mim é – ter que comer sem ter fome é terrível. Se houver boas regras de alimentação, não é nenhum drama que a criança não coma tudo – nem implica desperdício, pode-se (quase) sempre guardar para próxima ocasião. Se calhar temos é que nos habituar a pôr menos no prato e se estas quiserem mais, repetem.
Vacinas – acho bastante assustadora esta corrente que pelos vistos tem ganho muitos adeptos de que as vacinas fazem mal e não devem ser tomadas. É possível que alguns efeitos negativos existam. Mas são algo já de tão, tão, mas tão testado, que se houvesse algum efeito verdadeiramente mau e claro este já tinha sido detectado. Como é evidente, as vacinas mais recentes – algumas até não incluídas no Plano Nacional de Vacinação – são bastante menos testadas. Mas a esmagadora maioria são-no, e ao recusar-se a vacinação está-se realmente a pôr em perigo a saúde da criança, mas também a de quem a rodeia – basta ver o comentário relativo ao aumento da taxa de sarampo citada pelo entrevistado. E o sarampo pode ser uma doença bem perigosa (e até mortal), que pode deixar marcas para a vida.
Enfim, é bom de vez em quando ver escrito algo que vem de encontro ao que pensamos.
segunda-feira, 26 de agosto de 2013
Raízes ou amarras?
Como já referi, directa ou indirectamente, posso testemunhar ao vivo e a cores, praticamente diariamente, como os irmãos podem ser tão diferentes uns dos outros. Entre os dois mais velhos o aspecto da socialização e sociabilidade, e de alguma forma também dos afectos, não é apenas diferente, diria mais ser diametralmente oposto.
O futebolista, embora possa ser atacado de alguma timidez nos primeiros momentos em ambientes novos, é sem dúvida um animal social. Passado pouco tempo é vê-lo a brincar ou conversar com os outros miúdos como se já os conhecesse; já deve ter jogado à bola com quase todos os rapazes da escola (que jogam à bola), enfim, o quebrar de ligações, novas escolas ou novos colegas nunca constituíram para mim preocupação nesse particular.
Já a flaminga não acha grande graça a alterações na sua rotina; nem na verdade a caras novas (desde sempre). Precisa de bastante tempo para se habituar a umas e outras; ou então que do outro lado haja uma sensibilidade especial para se conseguir lidar com ela mais rapidamente(que já aconteceu, mas é raro). De forma que encarei com alguma preocupação a anunciada mudança de educadora e de parte dos colegas da sala. Até no plano dos afectos, enquanto o futebolista, no que diz respeito às pessoas que não fazem parte do seu círculo muito próximo, não é dado nem a grandes amores nem a grandes ódios, a flaminga mesmo não sendo muito efusiva liga-se de forma bastante forte àqueles de quem gosta. Mesmo que não o expresse muito.
No último ano ela evoluiu bastante nesse plano da socialização e eu acho que a escola e alguns dos seus profissionais tiveram aí um papel importante. A educadora é uma figura importante para ela – suficientemente importante para ela manifestar saudades dela – e não tenho memória dela manifestar verbalmente saudades de mais ninguém para além dos pais, dos irmãos ou de alguns amigos mais próximos. É certo que quando entrar para a escola primária serão inevitáveis alterações na rotina ainda maiores. Mas as competências que eu espero que ela aperfeiçoe este ano têm precisamente a ver com isso: um aprofundar dessa maior socialização, e maior abertura para situações diferentes. Vamos ver se estas alterações anunciadas a vão ajudar, ou nem por isso… Este ano surpreendeu-me pela positiva diversas vezes. Esperemos que assim continue.
sexta-feira, 23 de agosto de 2013
Momentos XXII
Avó do ursinho, para o ursinho.
-Hoje dormes em casa da avó. E a avó vai-te contar uma história da cabeça dela.
Ursinho: - O avó, mas tu tens um livro dentro da cabeça??
Sorri. - Não tens, não...
Momentos XXI
Algures na costa alentejana. Jantando no pátio, na rua. Falta a luz.
-Aqui vêm as velas!
Ursinho: - E o bolo?
quarta-feira, 21 de agosto de 2013
Sierra de Francia
Trovoada à chegada. Montagem de tenda à segunda tentativa. Frio, muito frio de noite. Lindíssimo parque de campismo num bosquete de carvalhos. Tentilhões a comer na relva pela manhã, picapaus, papa-figos, chapins nossos vizinhos nas árvores. Silêncio cedo no parque. Noite menos fria. Piscina de águas frias e revigorantes. Ambiente familiar e tranquilo no parque. Calor durante o dia. Arroz de salsicha no fogão a gás. Excursões à casa de banho. Ceú estrelado infinito. Pés sujos de terra. Risos, choros, birras, gargalhadas. Muito espaço. Liberdade. Despojamento. Noites mornas. Futebolista: "Do que eu gostei mais foi da comida", Flaminga: "Eu da piscina", Ursinho "Eu... da rua".
Em modo regresso
Não sei se terei algures uma costela (temporária) de eremita, mas férias para mim também é isto: o desligar de toda a parafernália informática e de comunicação. Pudesse eu, até os telemóveis seriam desligados. Lentamente, também neste campo se regressa à normalidade.
sexta-feira, 2 de agosto de 2013
Sob um pano por baixo de um céu estrelado
Não sei se sobre o campismo se aplica o cliché: " as pessoas dividem-se entre [neste caso] as que gostam e as que não gostam de acampar". Não sobram dúvidas é que eu pertenço ao primeiro grupo, desde que me lembro.
Podia falar do saborzinho a aventura de ir de "casa" às costas para sítios fantásticos, da liberdade que esta proporciona, do clima tranquilo e de mútuo respeito entre campistas, enfim, de uma multiplicidade de aspectos que os praticantes sobejamente conhecem. É claro, estas partes agradáveis por vezes também podem não acontecer, mas em local bem escolhido e decorrendo tudo normalmente é suposto que assim aconteçam.
Mas no fundo, no fundo, o melhor de tudo acho que é mesmo a sensação de despojamento, do tal simples pano apenas sobre o céu estrelado, e de como este mesmo pano, um colchão, alguns poucos víveres e algumas infra-estruturas básicas fazem com que seja tão mais simples encontrarmo-nos a nós mesmos e aos nossos, sem a confusão e a complexidade do dia-a-dia habitual.
quinta-feira, 25 de julho de 2013
Matrioskas
Sobre as fases da vida que se sucedem, sobre os nossos amigos que vão por outros caminhos e os que vão permanecendo na nossa vida longe ou perto, sobre o que fomos e o que ainda vamos ser.
Se calhar cada um de nós é uma matrioska, com uma infinidade de diferentes pessoas dentro de si, que se vão surpreendendo umas com as outras e conhecendo facetas tão diferentes que nunca julgaríamos sermos nós.
Ou então as nossas matrioskas são todas as vidas que podíamos ter tido, que se entrecruzam e se encaixariam umas nas outras, em infinitas possibilidades tão vastas quanto as nossas escolhas e os caminhos que decidimos seguir.
Ou, ainda, uma imagem mais doce, dos filhos que carregámos dentro de nós e levam um pouco de nós também pelos caminhos que escolhem e não escolhem seguir.
domingo, 21 de julho de 2013
Meio vazio ou meio cheio
Meio vazio ou meio cheio é sinónimo de optimismo ou pessimismo?
Julgo que não. Acho mais sinónimo de positivismo/negativismo.
Causa-me uma certa irritação quem ache sempre tudo bom; e impacienta-me quem ache sempre tudo mau. Ser-se positivo não é acreditar que vai sempre acontecer o melhor; acho que é, sim, ter confiança de que se conseguirá ultrapassar o menos bom. Não serei das pessoas mais optimistas mas acho que ser-se positivo é fundamental.
Julgo que não. Acho mais sinónimo de positivismo/negativismo.
Causa-me uma certa irritação quem ache sempre tudo bom; e impacienta-me quem ache sempre tudo mau. Ser-se positivo não é acreditar que vai sempre acontecer o melhor; acho que é, sim, ter confiança de que se conseguirá ultrapassar o menos bom. Não serei das pessoas mais optimistas mas acho que ser-se positivo é fundamental.
domingo, 14 de julho de 2013
Cinco anos
E hoje fechou-se o ciclo de aniversários deste ano dos filhotes! Desta vez foi a flaminga que festejou os seus cinco aninhos. Pela primeira vez vieram festejar com ela os amiguinhos da escola, bem como outros amigos e família que já vêm desde sempre. Foi um dia feliz para todos e foi um dia feliz para ela.
Está crescida, a minha flaminga, e mudou muito nos últimos anos. Quem a conheceu há uns anos atrás não deixa de notar isso: uma criança não muito dada a grandes socializações e muito obstinada em todos os seus actos, tendo sempre opinião e determinação para tudo, no último ano tornou-se surpreendentemente dócil, mais afectiva, mais social. Mantém o seu feitio e as suas opiniões, mas agora bastas vezes opta por guardá-las para si ou demonstrá-las de forma mais suave. O que é para mim fonte de grande contentamento (e alívio). O que me conduz ao terceiro grande ensinamento que os meus filhos, no seu conjunto, me trouxeram. É que as crianças não são todas iguais. E não foi por ter um filho mais velho que eu já tinha a receita que havia de funcionar com ela, a segunda da prole.
O futebolista foi um bebé fácil de lidar, sendo de descontar obviamente as dificuldades que todas as mães de primeira viagem enfrentam. E sendo o primeiro, era o modelo que eu tinha.
A flaminga foi uma bebé, e depois uma criança pequena, bastante mais difícil de lidar. Nunca gostou muito das alterações à sua rotina ou de caras que não conhecia. E desde que consegue expressar-se sempre teve ideias muito claras sobre o que queria fazer, comer ou vestir. Eu não fazia ideia que uma criança tão pequena já pudesse ter opiniões tão vincadas. Nem que podia ser tão obstinada para obter o que queria. Para pessoas diferentes de facto nem sempre a mesma abordagem funciona. E o que o meu sentido negocial, paciência e arte de tentar fazer alguém mudar de ideias se apurou, desde que ela chegou.
Hoje, feliz, sinto que o meu esforço foi recompensado. A flaminga não deixou de ter as suas ideias nem de saber (sempre) de onde vem e para onde vai. Mas já consegue encaixar (a bem) que nem sempre pode ser à sua maneira. Eu sei, filhota, que quando te contrario e te faço fazer como eu quero, que tu no fundo não estás convencida. Mas fazes, porque agora já consegues ter a tolerância e a capacidade de perceber muitas coisas que antes não percebias. Também sei que não te vou conseguir distrair dos teus intentos ou de mudar a forma que tens de olhar para muita coisa, mesmo cedendo tu àquilo que nós te pedimos ou exigimos. Mas sossega-me que entendas a discordância e que tenhas aprendido a encaixá-la. Espero que continues sempre, assim, determinada. Mesmo que não concordemos em muita coisa, para mim, isso é crescer na direcção certa.
Está crescida, a minha flaminga, e mudou muito nos últimos anos. Quem a conheceu há uns anos atrás não deixa de notar isso: uma criança não muito dada a grandes socializações e muito obstinada em todos os seus actos, tendo sempre opinião e determinação para tudo, no último ano tornou-se surpreendentemente dócil, mais afectiva, mais social. Mantém o seu feitio e as suas opiniões, mas agora bastas vezes opta por guardá-las para si ou demonstrá-las de forma mais suave. O que é para mim fonte de grande contentamento (e alívio). O que me conduz ao terceiro grande ensinamento que os meus filhos, no seu conjunto, me trouxeram. É que as crianças não são todas iguais. E não foi por ter um filho mais velho que eu já tinha a receita que havia de funcionar com ela, a segunda da prole.
O futebolista foi um bebé fácil de lidar, sendo de descontar obviamente as dificuldades que todas as mães de primeira viagem enfrentam. E sendo o primeiro, era o modelo que eu tinha.
A flaminga foi uma bebé, e depois uma criança pequena, bastante mais difícil de lidar. Nunca gostou muito das alterações à sua rotina ou de caras que não conhecia. E desde que consegue expressar-se sempre teve ideias muito claras sobre o que queria fazer, comer ou vestir. Eu não fazia ideia que uma criança tão pequena já pudesse ter opiniões tão vincadas. Nem que podia ser tão obstinada para obter o que queria. Para pessoas diferentes de facto nem sempre a mesma abordagem funciona. E o que o meu sentido negocial, paciência e arte de tentar fazer alguém mudar de ideias se apurou, desde que ela chegou.
Hoje, feliz, sinto que o meu esforço foi recompensado. A flaminga não deixou de ter as suas ideias nem de saber (sempre) de onde vem e para onde vai. Mas já consegue encaixar (a bem) que nem sempre pode ser à sua maneira. Eu sei, filhota, que quando te contrario e te faço fazer como eu quero, que tu no fundo não estás convencida. Mas fazes, porque agora já consegues ter a tolerância e a capacidade de perceber muitas coisas que antes não percebias. Também sei que não te vou conseguir distrair dos teus intentos ou de mudar a forma que tens de olhar para muita coisa, mesmo cedendo tu àquilo que nós te pedimos ou exigimos. Mas sossega-me que entendas a discordância e que tenhas aprendido a encaixá-la. Espero que continues sempre, assim, determinada. Mesmo que não concordemos em muita coisa, para mim, isso é crescer na direcção certa.
sexta-feira, 12 de julho de 2013
Ser-se um bom escritor
Em conversa com a minha mãe, eis uma opinião. Um bom escritor é aquele:
-que sabe escrever bem;
-que criou uma boa história;
-e que a sabe contar.
-que sabe escrever bem;
-que criou uma boa história;
-e que a sabe contar.
Dar o exemplo
Estes sucessivos episódios burlescos (para ser simpática) da vida política deste nosso país já me causam náuseas. Se tivesse que os discutir com cidadãos de outros países teria vergonha. E muito por isto até nem me apetece escrever sobre o tema. Porque tudo isto foi mau de mais. Difícil é escolher de quem dizer mal primeiro. Por isso vou-me abster de comentar sobre os suspeitos do costume. A realidade é tão transparente que nem vale a pena acrescentar mais nada.
Mas sobre dois personagens deixo umas palavras, assim até mais ou menos em jeito de exorcismo. Não tenho dúvida de estar perante o pior Presidente de que me lembro deste país e da pior presidente da assembleia da república. Sobre o primeiro, muito se poderia dizer. Envergonha-me que norteie a sua actuação acima de tudo para se manter no seu pedestal sem uma beliscadura. Envia-nos de lá os seus doutos conselhos e nós, ignorantes, não os sabemos aproveitar. Até ele chegar, quando acontecia a comunicação de um Presidente na televisão, geralmente ouvia-a com atenção e, sim, algum respeito. Não é o desacordo que traz o desrespeito, pois na realidade os melhores adversários são os mais respeitados. É sim o desprezo, a falta de coragem para falar com frontalidade e sem medo da crítica. Quem não quer ser lobo...
Quanto à senhora Presidente da Assembleia da República, não está pura e simplesmente à altura do cargo. Para além das suas tristes declarações (o 3º mais alto cargo da nação não se deve compadecer por tiradas infelizes) o facto de se ter reformado (e om que condições!) aos 42 anos é um insulto para tantos e tantos que trabalharam toda uma vida para no final ficarem com reformas de miséria.
Meus caros, dar o exemplo não custa dinheiro.
Mas sobre dois personagens deixo umas palavras, assim até mais ou menos em jeito de exorcismo. Não tenho dúvida de estar perante o pior Presidente de que me lembro deste país e da pior presidente da assembleia da república. Sobre o primeiro, muito se poderia dizer. Envergonha-me que norteie a sua actuação acima de tudo para se manter no seu pedestal sem uma beliscadura. Envia-nos de lá os seus doutos conselhos e nós, ignorantes, não os sabemos aproveitar. Até ele chegar, quando acontecia a comunicação de um Presidente na televisão, geralmente ouvia-a com atenção e, sim, algum respeito. Não é o desacordo que traz o desrespeito, pois na realidade os melhores adversários são os mais respeitados. É sim o desprezo, a falta de coragem para falar com frontalidade e sem medo da crítica. Quem não quer ser lobo...
Quanto à senhora Presidente da Assembleia da República, não está pura e simplesmente à altura do cargo. Para além das suas tristes declarações (o 3º mais alto cargo da nação não se deve compadecer por tiradas infelizes) o facto de se ter reformado (e om que condições!) aos 42 anos é um insulto para tantos e tantos que trabalharam toda uma vida para no final ficarem com reformas de miséria.
Meus caros, dar o exemplo não custa dinheiro.
terça-feira, 9 de julho de 2013
E este foi o ano...
...aclamado momentanemente privado de verão em que tive noites mais quentes na minha terra do que no Algarve! Quem sabe onde é não pode deixar de considerar isto verdadeiramente espantoso!!!
Até Tavira de comboio...
...tive que apanhar exactamente 5 comboios diferentes (considerando o total da ida e volta e no percurso mais longo um IC/AP). Destes o único que curiosamente não atrasou foi o regional que circula numa linha só pelo Algarve, devagar, devagarinho, mas cumpridor do seu horário.
"Pedimos desculpa pelo atraso", que me fez perder a ligação em Faro, à ida.
"Pedimos desculpa pelo atraso", que me fez chegar 45 mins. mais tarde a Lx no regresso.
Eu gosto de andar de comboio, mas tanto atraso em comboios supostamente rápidos... Terei sido eu que tive muito azar ou isto acontecerá (quase!) sempre???
"Pedimos desculpa pelo atraso", que me fez perder a ligação em Faro, à ida.
"Pedimos desculpa pelo atraso", que me fez chegar 45 mins. mais tarde a Lx no regresso.
Eu gosto de andar de comboio, mas tanto atraso em comboios supostamente rápidos... Terei sido eu que tive muito azar ou isto acontecerá (quase!) sempre???
quarta-feira, 3 de julho de 2013
Momentos XX
Ao telefone com o futebolista, ontem à noite:
-Mãe, vamos emigrar?
-Futebolista, pelo menos para já não! Mas porquê?
-Porque eu não quero...
-Mãe, vamos emigrar?
-Futebolista, pelo menos para já não! Mas porquê?
-Porque eu não quero...
domingo, 30 de junho de 2013
Estreias do ano, estreias de sempre
Primeiro banho de mar do ano. A praia de Santa Cruz estava fantástica, calor q.b., como nunca a tinha visto, eu, visitante regular embora não demasiado habitual, com uma ligeiríssima brisa, muito agradável. Água de um frio siberiano, mas mergulho cumprido.
sábado, 29 de junho de 2013
Noites algarvias
As noites algarvias estão tresloucadas e mudaram-se de lá de baixo para todo o lado. Eu que sou filha de gentes da zona centro e centro-sul e que talvez por isso acho que as pessoas do norte e do sul não são tão diferentes como por vezes tanto se apregoa, confesso que o Algarve é uma região que me é muito querida. Não tem tanto a ver com as praias, coitadas, na maioria tão estragadas. Tem a ver com as cores, com os cheiros, com as lindíssimas paisagens da serra e do barrocal e, claro, em época "baixa" e nos sítios menos estragados, com aquele mar morno e tão bom, mais a areia fininha que parece farinha nos pés. E tem também aquelas noites fantásticas, em que dir-se-ia que nos tornamos etéreos pela curiosa sensação de temperatura igual dentro e fora do corpo. Pois estas noites andam desorientadas e aparecem agora por todo o lado, mas mesmo assim falta o cheiro do sul e o coro furioso das cigarras. Ainda assim, algarvias o suficiente para despertarem muitas saudades.
sexta-feira, 28 de junho de 2013
Momentos XIX
-Hoje fizeste uma coisa muito gira, futebolista!
Futebolista: - É verdade. Foi a minha melhor obra...
...em lego.
[jardim zoológico de lego com portão de entrada, locais próprios para ursos polares, pinguins, hipopótamos e elefantes. Arquitectura/Desig/Construção: Futebolista]
Futebolista: - É verdade. Foi a minha melhor obra...
...em lego.
[jardim zoológico de lego com portão de entrada, locais próprios para ursos polares, pinguins, hipopótamos e elefantes. Arquitectura/Desig/Construção: Futebolista]
sábado, 22 de junho de 2013
Momentos XVIII
Reunião da escola do ursinho.
-Fizémos uma actividade em que entrava uma bruxa, de uma história, pelo Haloween, também para desmistificar às vezes medos que eles têm destes personagens. Provavelmente nessa altura ouviram falar de bruxas lá em casa.
Sim, efectivamente, deve ter sido a partir dessa altura que ele me começou a chamar bruxa... :P
-Fizémos uma actividade em que entrava uma bruxa, de uma história, pelo Haloween, também para desmistificar às vezes medos que eles têm destes personagens. Provavelmente nessa altura ouviram falar de bruxas lá em casa.
Sim, efectivamente, deve ter sido a partir dessa altura que ele me começou a chamar bruxa... :P
A genética, a cultura e o destino
Há pouco tempo dei por mim em blogue alheio a defender com unhas e dentes a influência da genética naquilo que somos e nos nossos actos.
A discussão da magnitude da influência da genética versus cultura/ambiente é uma discussão de longa data no seu meio específico. Lá que os genes estão cá, em cada uma das nossas pequenas células, isso é garantido; a cultura e o ambiente neutralizá-los-ão por completo, de forma que duas pessoas geneticamente idênticas sujeitas a ambiente/cultura diferentes serão diametralmente opostas?
Acredito que não sejam diametralmente opostas, mas poderão ser muito diferentes, sem dúvida.
Uma questão diferente, mas que acaba por bater na mesma tecla é: temos de facto uma série de instintos inscritos nos nossos genes, como um instinto de maternidade (que poderá ter as mais diversas formas), no fim de contas é a vivência que molda as nossas reacções, mesmo as mais instintivas?
Obviamente estas nunca serão respostas de preto-e-branco. Nos últimos anos têm vindo a lume questões muito interessantes, como a diferença no desenvolvimento fisiológico e neurológico de rapazes e raparigas. De uma forma muito simplista, e em geral, aqui podemos dizer que há muito boas pistas para afirmar que sim, está nalgum lado inscrito que eles por serem rapazes gostam mais de carrinhos e elas por serem meninas gostam mais de bebés e bonecas. Ou de outra forma, eles têm um desenvolvimento físico/psicológico que os torna em geral mais aptos e interessados em movimento e mecânica e a elas nos temas de interacção social. Friso, em geral.
Curiosamente, dei por mim a acreditar muito mais na influência da genética depois de ter sido mãe. Por ver neles comportamentos que não lhes foram ensinados pelos pais (nem por outros); por assistir ao diferente desenvolvimento de meninas e meninos; e por verificar que em fases tão, tão prematuras, há já traços de personalidade tão vincados.
Será que esta "crença" na genética pode ser comparada a outra forma de acreditar no destino? O que é algo de completamente contraditório para mim, firme crente que o futuro-é-aquilo-que-eu-fizer-dele. Mas no fim de contas, qual será a real magnitude desta bagagem que trazemos connosco à nascença? Serei afinal uma parcial crente no destino (genético), vestida com outras roupagens?
A discussão da magnitude da influência da genética versus cultura/ambiente é uma discussão de longa data no seu meio específico. Lá que os genes estão cá, em cada uma das nossas pequenas células, isso é garantido; a cultura e o ambiente neutralizá-los-ão por completo, de forma que duas pessoas geneticamente idênticas sujeitas a ambiente/cultura diferentes serão diametralmente opostas?
Acredito que não sejam diametralmente opostas, mas poderão ser muito diferentes, sem dúvida.
Uma questão diferente, mas que acaba por bater na mesma tecla é: temos de facto uma série de instintos inscritos nos nossos genes, como um instinto de maternidade (que poderá ter as mais diversas formas), no fim de contas é a vivência que molda as nossas reacções, mesmo as mais instintivas?
Obviamente estas nunca serão respostas de preto-e-branco. Nos últimos anos têm vindo a lume questões muito interessantes, como a diferença no desenvolvimento fisiológico e neurológico de rapazes e raparigas. De uma forma muito simplista, e em geral, aqui podemos dizer que há muito boas pistas para afirmar que sim, está nalgum lado inscrito que eles por serem rapazes gostam mais de carrinhos e elas por serem meninas gostam mais de bebés e bonecas. Ou de outra forma, eles têm um desenvolvimento físico/psicológico que os torna em geral mais aptos e interessados em movimento e mecânica e a elas nos temas de interacção social. Friso, em geral.
Curiosamente, dei por mim a acreditar muito mais na influência da genética depois de ter sido mãe. Por ver neles comportamentos que não lhes foram ensinados pelos pais (nem por outros); por assistir ao diferente desenvolvimento de meninas e meninos; e por verificar que em fases tão, tão prematuras, há já traços de personalidade tão vincados.
Será que esta "crença" na genética pode ser comparada a outra forma de acreditar no destino? O que é algo de completamente contraditório para mim, firme crente que o futuro-é-aquilo-que-eu-fizer-dele. Mas no fim de contas, qual será a real magnitude desta bagagem que trazemos connosco à nascença? Serei afinal uma parcial crente no destino (genético), vestida com outras roupagens?
quarta-feira, 19 de junho de 2013
Eu anfíbia me confesso
Futebolista: Os anfíbios dividem-se em três grupos, as cecílias; as rãs e os sapos; e as salamandras e trintões. (pausa) ah! Tritões!
sábado, 15 de junho de 2013
sexta-feira, 14 de junho de 2013
Final de ano lectivo
Cá em casa e para já só para o futebolista, que fez um bom campeonato da 2ª classe e tem lugar marcado na 3ª. Para além das muitas coisas que aprendeu houve uma que eu gostei particularmente (e me sossegou, reconheço) que foi a descoberta do gosto de ler.
Estes momentos são sempre um marco e ocasião para balanços. Está crescido, o futebolista. Com menos insistências infantis, mais compreensão e tolerância. Mais atento ao que se passa no mundo e ao seu redor. Mais independente e mais seguro. Mais irmão mais velho e mais filho mais velho.
A flaminga e o ursinho também passaram obviamente para outra etapa. Ela passou a barreira de criança pequena e ele está a deixar de ser bebé.
Nostalgia? Talvez um pouco, lá no fundinho. Mas mais que nostálgica, ansiosa por estas novas fases e novas vivências. Também eu aprendi com a minha mãe que todas as idades têm os seus encantos; a minha e a deles.
Estes momentos são sempre um marco e ocasião para balanços. Está crescido, o futebolista. Com menos insistências infantis, mais compreensão e tolerância. Mais atento ao que se passa no mundo e ao seu redor. Mais independente e mais seguro. Mais irmão mais velho e mais filho mais velho.
A flaminga e o ursinho também passaram obviamente para outra etapa. Ela passou a barreira de criança pequena e ele está a deixar de ser bebé.
Nostalgia? Talvez um pouco, lá no fundinho. Mas mais que nostálgica, ansiosa por estas novas fases e novas vivências. Também eu aprendi com a minha mãe que todas as idades têm os seus encantos; a minha e a deles.
O hobbit
Assim de repente só me ocorre dizer que o Bilbo Baggins tem muito mais vocação para estas lides que o Frodo...
domingo, 9 de junho de 2013
Não há aniversário como o terceiro ou o princípio da consciência do "eu"
Voltando ainda aos 3 anos do ursinho, este aniversário foi realmente especial, porque foi a primeira vez que ele se apercebeu que estava a fazer anos. Claro que não terá entendido que fazia 3 anos que ele tinha nascido e que a comemoração era disso mesmo, mas foi claro para ele que ali ele comemorava ele próprio e que era o dia dele. Nesse sentido, tudo foi uma surpresa, com um enorme entusiasmo por todos que lá estavam, amigos e família, e com as ofertas que ele recebia cada uma como se fosse a primeira (ou quase, quando se começaram a multiplicar ou ele estava muito ocupado com outra o entusiasmo era menor, mas com os anos que já tenho disto diria que o nível e entusiasmo estava no máximo ou muito perto disso).
De tal forma que quando começou a chegar o bolo à mesa e a acenderem-se as velas, o ursinho não é cá rapaz de cerimónias e decide ele próprio dar o mote e começar ele próprio a cantar os parabéns, "obrigando" todos os presentes a segui-lo no timing que ele decidiu.
De certa forma foi também a despedida da primeira infância, da tal que não deixa memórias identificáveis pelo próprio. Uma vez disseram-me que a diferença entre uma mãe de três filhos e uma de dois é que a primeira não fica com saudades/desejos de ter mais um filho, mais um bebé. Suponho que haja muita variabilidade no sentimento, mas eu concordo. Aliás, é uma situação que personifica bem a diferença que eu defino entre saudade e nostalgia: saudade é algo que queremos que volte, nostalgia é recordar às vezes com uma pontinha de tristeza, outros tempos que foram bons. E palpita-me que estas primeiras infâncias me trarão a dada altura essa mesma nostalgia. Mas a saudade não - há tempos para tudo, e eu definitivamente passei o tempo dos (meus) bebés e passei ao tempo [apenas] das crianças.
Ursinho, é verdade que foi o teu terceiro aniversário, mas para ti mesmo foi como se fosse o primeiro. Ou então uma grande festa de boas-vindas. Bem-vindo, ursinho, todos os dias!
De tal forma que quando começou a chegar o bolo à mesa e a acenderem-se as velas, o ursinho não é cá rapaz de cerimónias e decide ele próprio dar o mote e começar ele próprio a cantar os parabéns, "obrigando" todos os presentes a segui-lo no timing que ele decidiu.
De certa forma foi também a despedida da primeira infância, da tal que não deixa memórias identificáveis pelo próprio. Uma vez disseram-me que a diferença entre uma mãe de três filhos e uma de dois é que a primeira não fica com saudades/desejos de ter mais um filho, mais um bebé. Suponho que haja muita variabilidade no sentimento, mas eu concordo. Aliás, é uma situação que personifica bem a diferença que eu defino entre saudade e nostalgia: saudade é algo que queremos que volte, nostalgia é recordar às vezes com uma pontinha de tristeza, outros tempos que foram bons. E palpita-me que estas primeiras infâncias me trarão a dada altura essa mesma nostalgia. Mas a saudade não - há tempos para tudo, e eu definitivamente passei o tempo dos (meus) bebés e passei ao tempo [apenas] das crianças.
Ursinho, é verdade que foi o teu terceiro aniversário, mas para ti mesmo foi como se fosse o primeiro. Ou então uma grande festa de boas-vindas. Bem-vindo, ursinho, todos os dias!
Momentos XVI
Eu (para o futebolista): quando o pai está fora tu és o meu grande ajudante!
Futebolista: quando o pai está fora eu sou o sub-pai.
Futebolista: quando o pai está fora eu sou o sub-pai.
domingo, 2 de junho de 2013
Junho
Eu adoro o mês de Junho. Não há uma razão muito lógica para isso. Também gosto muito de Maio, porque a maior parte dos elementos da minha família faz anos nesse mês e porque é habitual ser um bonito mês de Primavera. Mas sobretudo a primeira razão é muito objectiva.
Quanto a Junho, é difícil dizer o porquê desta preferência. É o mês que para mim vem matar as saudades de tudo o que o verão traz de bom. Com alguma sorte, é o mês das primeiras noites mornas e tão especiais. É o mês das sardinhas assadas e dos santos populares a lembrar tradições mais longínquas que a existência deste país. Pode ser mês de grandes picos de calor (geralmente, felizmente, passageiros). É o mês das cerejas. É geralmente o mês das primeiras idas à praia. É o mês que inaugura a inquietação da antecipação das férias. É um mês imprevisível, intenso, pleno. É um mês que nos faz lembrar as coisas boas que devemos(!) gozar.
Quanto a Junho, é difícil dizer o porquê desta preferência. É o mês que para mim vem matar as saudades de tudo o que o verão traz de bom. Com alguma sorte, é o mês das primeiras noites mornas e tão especiais. É o mês das sardinhas assadas e dos santos populares a lembrar tradições mais longínquas que a existência deste país. Pode ser mês de grandes picos de calor (geralmente, felizmente, passageiros). É o mês das cerejas. É geralmente o mês das primeiras idas à praia. É o mês que inaugura a inquietação da antecipação das férias. É um mês imprevisível, intenso, pleno. É um mês que nos faz lembrar as coisas boas que devemos(!) gozar.
sábado, 1 de junho de 2013
De onde menos se espera...
(ou de quem menos se espera)... se ouve uma frase que nos faz pensar.
Fazendo zapping passei num programa dos "nossos" filósofos do futebol e estavam em amena cavaqueira um fulano do CDS que já foi Ministro do Turismo(? seria assim que se chamava o Ministério mesmo?), o Toni (treinador) e o Abel Xavier.
Acho que não serei classificada como preconceituosa se disser que foram raras as vezes que frases ou ditos no meio futebolístico me ocuparam o cérebro pouco mais que alguns segundos.
Mas eis que da boca do Abel Xavier sai uma frase que me deixou a pensar e ainda me faz pensar (será mesmo dele a frase): "Os líderes com convicções nunca são consensuais."
Acho que se pode generalizar para "As pessoas com convicções nunca são consensuais". Nunca tinha pensado muito nisto, mas faz imenso sentido.
Fazendo zapping passei num programa dos "nossos" filósofos do futebol e estavam em amena cavaqueira um fulano do CDS que já foi Ministro do Turismo(? seria assim que se chamava o Ministério mesmo?), o Toni (treinador) e o Abel Xavier.
Acho que não serei classificada como preconceituosa se disser que foram raras as vezes que frases ou ditos no meio futebolístico me ocuparam o cérebro pouco mais que alguns segundos.
Mas eis que da boca do Abel Xavier sai uma frase que me deixou a pensar e ainda me faz pensar (será mesmo dele a frase): "Os líderes com convicções nunca são consensuais."
Acho que se pode generalizar para "As pessoas com convicções nunca são consensuais". Nunca tinha pensado muito nisto, mas faz imenso sentido.
Três anos
E chegou aos 3 anos ontem o meu ursinho, em dia de grande animação, já que coincidiu também com as comemorações do dia da criança na escola e mais tarde, claro está, houve comemoração familiar.
Tal como na altura comentei em relação ao futebolista, cada um dos meus filhos me trouxe um importante e estrutural ensinamento, estrutural porque cada qual de sua forma alterou a minha forma de viver a vida e olhar o mundo.
A sequência lógica destes ensinamentos é a própria sequência cronológica dos miúdos, mas como a flaminga só no verão fará anos, deixo o seu ensinamento para essa altura.
O ursinho trouxe-me porventura o mais intenso ensinamento, com alguma dureza, diga-se. Na verdade, podem-se dividir em dois: o primeiro, é que na vida as coisas nem sempre correm de acordo com os nossos planos, mas, na realidade, isso pode ser bom, ou tornar-se bom. Isto pode parecer óbvio para muitos, mas para mim, que tenho intrínseco o planeamento, não era. Mesmo tendo em mim um espírito que necessita o quebrar de rotinas e por vezes mesmo de fracturas que entendo necessárias, e algum espírito de aventura que mesmo quando está um pouco adormecido, está cá, tudo isto é acompanhado de constante cálculo de riscos e benefícios. Cada qual com os seus hábitos excêntricos, enfim.
O outro grande ensinamento é que ele me fez ver que a minha pessoa também tem que ter (mais) existência para lá de todas as exigências da maternidade e outras. E que devia subir uns degrauzinhos na escala das prioridades. Pode parecer paradoxal, mas estou plenamente convicta que, feitas as contas, isso é melhor para eles também. O caminho que me levou até aí foi o de tomar consciência que tinha que reconhecer e acautelar os meus próprios limites. Sim, porque até lá para mim não havia limites. De nada. De cansaço, de quantidade e tipo de coisas que podia ou queria fazer. Tudo sempre se podia arrumar. Mas isso não é assim. E quem vejo fazer tudo e mais alguma coisa, já não vejo só com admiração (ainda alguma, pois até certo ponto isso é uma virtude) mas com alguma sensação de que a história não está bem explicada - ao fazer tanta coisa, pelo caminho algumas deles não ficam, com toda a certeza, bem feitas. E isso faz toda a diferença.
Por tudo isto e muito mais, ursinho, um enorme obrigada por teres aparecido na minha e na nossa vida, o meu filho do extremo e de extremos: ou está esfuziante de contente ou está ruidosa e intensamente zangado, muita muita actividade, muitos saltos, muitas corridas, muitas gargalhadas de enorme sorriso aberto, muito afável para todos mas também com enorme facilidade em aplicar uma palmada em quem quer que seja se assim o entender. Contigo não há meias tintas e desde que chegaste foi com enorme determinação e sem sombra de hesitação que conquistaste o teu lugar numa família já com dois irmãos mais velhos. No meio de toda esta intensidade, a tua presença, a tua existência, preenche-me de uma enorme tranquilidade e realização. Parabéns, meu ursinho!
Tal como na altura comentei em relação ao futebolista, cada um dos meus filhos me trouxe um importante e estrutural ensinamento, estrutural porque cada qual de sua forma alterou a minha forma de viver a vida e olhar o mundo.
A sequência lógica destes ensinamentos é a própria sequência cronológica dos miúdos, mas como a flaminga só no verão fará anos, deixo o seu ensinamento para essa altura.
O ursinho trouxe-me porventura o mais intenso ensinamento, com alguma dureza, diga-se. Na verdade, podem-se dividir em dois: o primeiro, é que na vida as coisas nem sempre correm de acordo com os nossos planos, mas, na realidade, isso pode ser bom, ou tornar-se bom. Isto pode parecer óbvio para muitos, mas para mim, que tenho intrínseco o planeamento, não era. Mesmo tendo em mim um espírito que necessita o quebrar de rotinas e por vezes mesmo de fracturas que entendo necessárias, e algum espírito de aventura que mesmo quando está um pouco adormecido, está cá, tudo isto é acompanhado de constante cálculo de riscos e benefícios. Cada qual com os seus hábitos excêntricos, enfim.
O outro grande ensinamento é que ele me fez ver que a minha pessoa também tem que ter (mais) existência para lá de todas as exigências da maternidade e outras. E que devia subir uns degrauzinhos na escala das prioridades. Pode parecer paradoxal, mas estou plenamente convicta que, feitas as contas, isso é melhor para eles também. O caminho que me levou até aí foi o de tomar consciência que tinha que reconhecer e acautelar os meus próprios limites. Sim, porque até lá para mim não havia limites. De nada. De cansaço, de quantidade e tipo de coisas que podia ou queria fazer. Tudo sempre se podia arrumar. Mas isso não é assim. E quem vejo fazer tudo e mais alguma coisa, já não vejo só com admiração (ainda alguma, pois até certo ponto isso é uma virtude) mas com alguma sensação de que a história não está bem explicada - ao fazer tanta coisa, pelo caminho algumas deles não ficam, com toda a certeza, bem feitas. E isso faz toda a diferença.
Por tudo isto e muito mais, ursinho, um enorme obrigada por teres aparecido na minha e na nossa vida, o meu filho do extremo e de extremos: ou está esfuziante de contente ou está ruidosa e intensamente zangado, muita muita actividade, muitos saltos, muitas corridas, muitas gargalhadas de enorme sorriso aberto, muito afável para todos mas também com enorme facilidade em aplicar uma palmada em quem quer que seja se assim o entender. Contigo não há meias tintas e desde que chegaste foi com enorme determinação e sem sombra de hesitação que conquistaste o teu lugar numa família já com dois irmãos mais velhos. No meio de toda esta intensidade, a tua presença, a tua existência, preenche-me de uma enorme tranquilidade e realização. Parabéns, meu ursinho!
quinta-feira, 30 de maio de 2013
Seguradoras... odeio-as!! parte II
Primeiro, espero que este tema não esteja para ficar. Gostava imenso de não escrever mais sobre ele, continuando a escrever sobre muitos outros, muito mais agradáveis.
Acho que num dia-a-dia frenético e nem sempre preenchido com os assuntos mais agradáveis, por vezes temos que fazer algum esforço para se manter a cordialidade e um certo sentido de fazer as coisas bem, sem preconceitos, em situações elas próprias desagradáveis.
Mas no caso das seguradoras, particulamente em situações de conflito, é minha firme convicção que, efectivamente, este não pode ser o modo de funcionar.
Infelizmente, só quando se parte para a ameaça, seja de reclamação, seja de indemnização, é que alguma coisa acontece e finalmente começam a ser atendidos não os nossos desejos, mas os nossos direitos.
Será que vale a pena iniciar os contactos ditos normais? Cada vez mais chego à conclusão que, se calhar, mais valia, no primeiro contacto, começar logo com as ameaças de reclamação. Resolvia-se pelos vistos o problema muito mais depressa e eu chateava-me muito menos.
Acho que num dia-a-dia frenético e nem sempre preenchido com os assuntos mais agradáveis, por vezes temos que fazer algum esforço para se manter a cordialidade e um certo sentido de fazer as coisas bem, sem preconceitos, em situações elas próprias desagradáveis.
Mas no caso das seguradoras, particulamente em situações de conflito, é minha firme convicção que, efectivamente, este não pode ser o modo de funcionar.
Infelizmente, só quando se parte para a ameaça, seja de reclamação, seja de indemnização, é que alguma coisa acontece e finalmente começam a ser atendidos não os nossos desejos, mas os nossos direitos.
Será que vale a pena iniciar os contactos ditos normais? Cada vez mais chego à conclusão que, se calhar, mais valia, no primeiro contacto, começar logo com as ameaças de reclamação. Resolvia-se pelos vistos o problema muito mais depressa e eu chateava-me muito menos.
terça-feira, 28 de maio de 2013
Verão, virá, ou não?
Andam a pulular notícias sobre um fraco, fraquinho, Verão que se avizinha.
Este ano também tem sido notável pela quantidade de previsões meteorológicas "ao lado" ou então mesmo erradas, que eu, apesar de ter "fé" na ciência (na realidade a única que tenho, ainda com reticências) vou esperar primeiro que as previsões semanais venham acertadas para depois acreditar nas mensais ou trimestrais.
Aliás, há uma boa década e meia ou mesmo duas décadas atrás, lembro-me de uma previsão do género a que se seguiu um Verão bem quente e que levou o meu pai a sugerir que os "previsores" deveriam ser postos numa jaula em pleno Alentejo para melhor apreciar o verão fresco que tinham previsto.
Portanto, e deste ponto de vista, o povo é sereno, venham de lá as merecidas férias quando chegar a altura e se a praia não estiver perfeita outras coisas haverá para fazer.
Numa outra óptica, até se prevê um Verão quentinho, para nós portugueses, pelo menos. E vamos lá ver até que temperatura irá subir.
Este ano também tem sido notável pela quantidade de previsões meteorológicas "ao lado" ou então mesmo erradas, que eu, apesar de ter "fé" na ciência (na realidade a única que tenho, ainda com reticências) vou esperar primeiro que as previsões semanais venham acertadas para depois acreditar nas mensais ou trimestrais.
Aliás, há uma boa década e meia ou mesmo duas décadas atrás, lembro-me de uma previsão do género a que se seguiu um Verão bem quente e que levou o meu pai a sugerir que os "previsores" deveriam ser postos numa jaula em pleno Alentejo para melhor apreciar o verão fresco que tinham previsto.
Portanto, e deste ponto de vista, o povo é sereno, venham de lá as merecidas férias quando chegar a altura e se a praia não estiver perfeita outras coisas haverá para fazer.
Numa outra óptica, até se prevê um Verão quentinho, para nós portugueses, pelo menos. E vamos lá ver até que temperatura irá subir.
sexta-feira, 24 de maio de 2013
Ser-se alérgico é tramado
Já não basta o desconforto, por vezes quase incapacitante, que se tem que suportar, depois é ver a panóplia de medicamentos prescritos e o preço dos mesmos!!! Irra, não se pode estar doente! E o pior é que as alergias são crónicas... e quando chega à parte da pele nada é comparticipado, como já se sabe.
Agora tenho para ali uns exames para fazer que a muito custo estou a ver se consigo que me digam o preço dos mesmos (inacreditável). Se no meio de medicamentos e exames precisar do escalpe para pagar as contas, pelo menos a parte da pele ficará resolvida...
Agora tenho para ali uns exames para fazer que a muito custo estou a ver se consigo que me digam o preço dos mesmos (inacreditável). Se no meio de medicamentos e exames precisar do escalpe para pagar as contas, pelo menos a parte da pele ficará resolvida...
domingo, 19 de maio de 2013
Momentos XIV
Futebolista: - Agora na escola estamos sempre a treinar para os testes!
(Eu, engolindo à pressa um comentário menos abonatório sobre os mesmos) - O que é que tu preferes fazer? Treinar para os testes ou ter as aulas normais?
Futebolista: -As aulas normais! Assim [só a treinar para os testes] não damos matéria nova!
(Eu, engolindo à pressa um comentário menos abonatório sobre os mesmos) - O que é que tu preferes fazer? Treinar para os testes ou ter as aulas normais?
Futebolista: -As aulas normais! Assim [só a treinar para os testes] não damos matéria nova!
sábado, 18 de maio de 2013
desabafo ou as causas do cansaço
Hoje levantei-me tão cedo como durante a semana, passei a manhã com o futebolista no seu torneio, voltei para casa, ajudei-o a tomar banho, almoçámos, preparei o saco para ele e para mim para a natação, pus o ursinho a fazer a sesta, cosi umas joelheiras numas das muitas calças do futebolista rotas nos joelhos, saímos para a natação, fui nadar também, ajudei o futebolista com toda a logística para sair da piscina, enfim cheguei a casa ao fim da tarde, ainda estendi uma máquina de roupa, fui dar banho à flaminga, e só não dei ao ursinho também, porque entretanto a avó chegou e ele preferiu-a a ela para essa tarefa.
Dia bastante preenchido, portanto. Mas o que me cansa mesmo, mesmo, mesmo, é que todos os humanos que habitam esta casa me chamem de 5 em 5 segundos (quando não simultaneamente), quando em boa parte das ocasiões poderiam resolver o assunto sem a minha intervenção e na maior parte nas vezes têm outro recurso humano ao lado e eu me encontro na outra ponta da casa, obviamente (e quase sempre) ocupada noutra tarefa qualquer... Atenção de fêmea adulta numa casa é um recurso escasso, é o que é...
Dia bastante preenchido, portanto. Mas o que me cansa mesmo, mesmo, mesmo, é que todos os humanos que habitam esta casa me chamem de 5 em 5 segundos (quando não simultaneamente), quando em boa parte das ocasiões poderiam resolver o assunto sem a minha intervenção e na maior parte nas vezes têm outro recurso humano ao lado e eu me encontro na outra ponta da casa, obviamente (e quase sempre) ocupada noutra tarefa qualquer... Atenção de fêmea adulta numa casa é um recurso escasso, é o que é...
quarta-feira, 15 de maio de 2013
Fogo, pá!!! ou um pouco de irracionalidade
A derrota com o Porto foi um balde de água fria. Por ter sido como e quando foi. Tão imensa que me afectou mais do que eu, sempre agarrada à minha racionalidade, gosto de imaginar. Aquilo no fundo não nos é nada, são 11 marmanjos de cada lado a correr atrás de uma bola. Mas ao fim e ao cabo não é possível ficar indiferente.
Não tinha fé nenhuma (nunca tenho, é certo) nesta Final. Não tinha, não sei porquê, talvez porque o Benfica tem este karma das finais europeias, talvez por ter custado tanto a engolir a última derrota, não tinha sequer disponibilidade mental para pensar noutra. Talvez ainda porque é muito difícil de ganhar estes jogos ou, ainda, (e mais provável) como tenho sempre tanto que fazer e pensar, nem um segundo houve para pensar no assunto.
Mas à medida que se aproximou a hora e com o desenrolar do jogo, o corpo e a alma foram-se rendendo, com a preciosa ajuda do futebolista, claramente mais ciente e mais antecipador de tudo do que eu. E foi sofrer a bom sofrer, comer sem perceber bem o que fazia, pôr mecanicamente a comida nos pratos, um olho nos miúdos, o outro na televisão, os ouvidos todos lá.
E (agora é altura de desviar as crianças porque vou ter que começar a praguejar) porra, tinha que ser assim outra vez???!!!! Mas que merda, que raio de karma, jogar assim tão bonito e com tanto virtuosismo para depois morrer na praia outra vez, que porra de lei das probabilidades é esta para o azar vir sempre bater à mesma porta!! Sim, não foram perfeitos, cometeram erros e teriam que rematar mais e melhor, mas estiveram muito bem, houve alguns apontamentos fantásticos, se houvesse nota para a performance, como na ginástica, tinham por certo ganho.
É o jogo, assim como é a vida, não é a lógica nem a justiça que a conduz. E os bifes, na verdade, fizeram um jogo honesto e ganharam, ponto final. E no fundo, o futebol serve também para isto, para libertar tensões e gritar com a vida que às vezes também merece que lhe gritem. Merecíamos todos nós um pouco mais de sorte, já bem basta a porcaria da crise, esta pobreza e esta miséria financeira, mental, social, mais esta vida de correria, esta incerteza que se cola à pele, mais o azar do acidente do carro. Uma pequena vitória hoje não apaga nada disto - os problemas estão cá todos amanhã (também já não há pachorra para a conversa da alienação!!!) mas pelo menos hoje ao serão estávamos todos um pouco mais felizes.
Mas não, ainda não foi desta, afinal vamos é ficar todos ainda um bocadinho mais zangados. E o pior de tudo é que isto pôs muito triste o meu filho!!! E isso, isso, é que mesmo mau de engolir!
Não tinha fé nenhuma (nunca tenho, é certo) nesta Final. Não tinha, não sei porquê, talvez porque o Benfica tem este karma das finais europeias, talvez por ter custado tanto a engolir a última derrota, não tinha sequer disponibilidade mental para pensar noutra. Talvez ainda porque é muito difícil de ganhar estes jogos ou, ainda, (e mais provável) como tenho sempre tanto que fazer e pensar, nem um segundo houve para pensar no assunto.
Mas à medida que se aproximou a hora e com o desenrolar do jogo, o corpo e a alma foram-se rendendo, com a preciosa ajuda do futebolista, claramente mais ciente e mais antecipador de tudo do que eu. E foi sofrer a bom sofrer, comer sem perceber bem o que fazia, pôr mecanicamente a comida nos pratos, um olho nos miúdos, o outro na televisão, os ouvidos todos lá.
E (agora é altura de desviar as crianças porque vou ter que começar a praguejar) porra, tinha que ser assim outra vez???!!!! Mas que merda, que raio de karma, jogar assim tão bonito e com tanto virtuosismo para depois morrer na praia outra vez, que porra de lei das probabilidades é esta para o azar vir sempre bater à mesma porta!! Sim, não foram perfeitos, cometeram erros e teriam que rematar mais e melhor, mas estiveram muito bem, houve alguns apontamentos fantásticos, se houvesse nota para a performance, como na ginástica, tinham por certo ganho.
É o jogo, assim como é a vida, não é a lógica nem a justiça que a conduz. E os bifes, na verdade, fizeram um jogo honesto e ganharam, ponto final. E no fundo, o futebol serve também para isto, para libertar tensões e gritar com a vida que às vezes também merece que lhe gritem. Merecíamos todos nós um pouco mais de sorte, já bem basta a porcaria da crise, esta pobreza e esta miséria financeira, mental, social, mais esta vida de correria, esta incerteza que se cola à pele, mais o azar do acidente do carro. Uma pequena vitória hoje não apaga nada disto - os problemas estão cá todos amanhã (também já não há pachorra para a conversa da alienação!!!) mas pelo menos hoje ao serão estávamos todos um pouco mais felizes.
Mas não, ainda não foi desta, afinal vamos é ficar todos ainda um bocadinho mais zangados. E o pior de tudo é que isto pôs muito triste o meu filho!!! E isso, isso, é que mesmo mau de engolir!
terça-feira, 14 de maio de 2013
como uma artista de circo
Às vezes sinto-me uma artista de crico, naquela parte em que o apresentador, para descrever um número arricado e criar suspense entre o público diz assim: Agora, ainda mais difícil!
Pois é, em vários momentos da minha vida me passa esse slogan pela cabeça, Agora, ainda mais difícil!, acompanhado pela musiquinha circense de fundo para acrescentar uma nota cómico-trágica ao acontecimento ou sua antecipação.
Por isso, agora só me ocorre dizer sobre o nosso carro familiar que por acidente de grande azar e ao qual fomos totalmente alheios está parado à espera que as seguradoras dêm o ok para ser reparado: Agora, ainda mais difícil, cinco dentro de um Polo!!
Pois é, em vários momentos da minha vida me passa esse slogan pela cabeça, Agora, ainda mais difícil!, acompanhado pela musiquinha circense de fundo para acrescentar uma nota cómico-trágica ao acontecimento ou sua antecipação.
Por isso, agora só me ocorre dizer sobre o nosso carro familiar que por acidente de grande azar e ao qual fomos totalmente alheios está parado à espera que as seguradoras dêm o ok para ser reparado: Agora, ainda mais difícil, cinco dentro de um Polo!!
sábado, 11 de maio de 2013
quarta-feira, 8 de maio de 2013
Música para os meus ouvidos
Dia de actividade com a família na sala do ursinho. Uma guitarra, umas folhas com música e acordes, um saco cheio de instrumentos para experimentarem no fim. Uma grande animação.
À tarde, em casa, eu na varanda a estender a roupa, aproxima-se o ursinho e diz simplesmente assim:
-Foi muito giro, a música hoje.
Mais tarde ainda, ao deitar:
Mãe - Então ursinho, de que música gostaste mais?
Ursinho: Ah, do pai a tocar viola, da mãe a cantar...
É nestas alturas que me sinto o ser mais afortunado de todos.
À tarde, em casa, eu na varanda a estender a roupa, aproxima-se o ursinho e diz simplesmente assim:
-Foi muito giro, a música hoje.
Mais tarde ainda, ao deitar:
Mãe - Então ursinho, de que música gostaste mais?
Ursinho: Ah, do pai a tocar viola, da mãe a cantar...
É nestas alturas que me sinto o ser mais afortunado de todos.
O polícia mau
Esta agora está na moda, a história do polícia bom e do polícia mau. Ora se eu fosse polícia era certamente o polícia mau. O polícia mau é aquele que ninguém quer ser, mas que também tem que existir, porque às vezes tem mesmo que ser. Já estou acostumada a dizer presente! quando é preciso um polícia mau, o que não quer dizer que na maior parte das vezes não me chateie ter que fazer esse papel. De vez em quando, só de vez em quando, também gostava de ter a oportunidade de ser o polícia bom. Ou até de não ser polícia nenhum. De mais para mais, de polícias maus ninguém gosta. Se calhar devia era pensar de vez em quando em ser o ladrão. Até para provocar nos outros algumas saudades do polícia mau.
segunda-feira, 6 de maio de 2013
Grândola, vila morena
CD Maio, Maduro Maio a tocar no carro.
-Mãe, põe a música 5, por favor. – pede o futebolista. – É
que eu quero aprendê-la de cor.
-Para que queres aprendê-la de cor?
-É para quando for a uma manifestação.
sexta-feira, 3 de maio de 2013
Será que estou...
...constipada, ou é mais uma vez apenas alergia, que desta vez me fez dormir mal e levantar com as galinhas, quando podia ter aproveitado mais uma meia horinha de descanso?
Seria interessante ter estimativas da percentagem de alérgicos, sua evolução, medição do dispêndio que provoca, aos próprios e ao Estado e uma qualquer forma de estimativa da diminuição da qualidade de vida que acarretam. Será que estão mesmo a aumentar ou simplesmente sabe-se hoje mais sobre elas? Um eventual aumento estará directamente relacionado com o nosso modo de vida e com a forma como transformamos o planeta? Reflexões de um sábado às 7 da manhã.
Seria interessante ter estimativas da percentagem de alérgicos, sua evolução, medição do dispêndio que provoca, aos próprios e ao Estado e uma qualquer forma de estimativa da diminuição da qualidade de vida que acarretam. Será que estão mesmo a aumentar ou simplesmente sabe-se hoje mais sobre elas? Um eventual aumento estará directamente relacionado com o nosso modo de vida e com a forma como transformamos o planeta? Reflexões de um sábado às 7 da manhã.
Oito anos
O texto já não vem no dia certo, mas porque nesse dia e por
causa desse dia estive tão ocupada, só chega agora.
Parabéns futebolista! E um enorme obrigada por teres vindo.
Curioso que, cabendo a nós, pais, o papel de educadores, foste
tu, até hoje, a pessoa com quem eu mais aprendi e que em menos tempo conseguiu
mudar a forma como vejo o mundo, as coisas, as pessoas e eu própria.
Oito anos e tantas descobertas mútuas, tantas alegrias,
tantos risos, tantos mimos. E também tantas preocupações, apertos no coração,
dúvidas e, por vezes, até, alguns pesos na consciência. No fundo o crescimento
é isto, o teu, o meu, o nosso. Sobretudo oito anos de tanta felicidade de te
ter aqui, de te ver crescer e tomar consciência de ti e dos outros. Admiro as
virtudes que tu tens e eu não, tal como consigo encaixar melhor os defeitos que
tu tens e eu não. E comovem-me as virtudes que tu tens e eu também, e sou
talvez menos paciente para os defeitos que partilhamos os dois.
Um abraço muito grande e muito forte e continua sempre,
assim, a ser exactamente como és.
terça-feira, 30 de abril de 2013
Dia Internacional da Conservação de Anfíbios
Fiquei a saber há pouco que era. Por coincidência, hoje fui fazer um trabalho precisamente sobre conservação de anfíbios.
Os anfíbios são uns animais extremamente curiosos, lindíssimos, na sua maioria (pelo menos na minha humilde opinião) e, para quem não saiba, o grupo de vertebrados mais ameaçados do Planeta, de acordo com a UICN. Uma das principais razões para isto é a sua enorme dependência de habitats de água doce, frequentemente destruídos e ameaçados por causas várias.
A sua "má fama" (rãs, sapos, tritões, salamandras...) é para mim difícil de entender. Vítimas de superstições infundadas, são muitas vezes mortos e perseguidos sem qualquer razão lógica. Têm um importante papel nos ecossistemas e têm grande relevância, por exemplo, para o controlo de populações de insectos. São ainda o testemunho vivo do nosso percurso evolutivo, da transição dos vertebrados do ambiente aquático para o ambiente terrestre. Sejamos mais exigentes com a preservação do nosso património. Começar por combater e contrariar superstições e crendices absurdas é um bom caminho.
Os anfíbios são uns animais extremamente curiosos, lindíssimos, na sua maioria (pelo menos na minha humilde opinião) e, para quem não saiba, o grupo de vertebrados mais ameaçados do Planeta, de acordo com a UICN. Uma das principais razões para isto é a sua enorme dependência de habitats de água doce, frequentemente destruídos e ameaçados por causas várias.
A sua "má fama" (rãs, sapos, tritões, salamandras...) é para mim difícil de entender. Vítimas de superstições infundadas, são muitas vezes mortos e perseguidos sem qualquer razão lógica. Têm um importante papel nos ecossistemas e têm grande relevância, por exemplo, para o controlo de populações de insectos. São ainda o testemunho vivo do nosso percurso evolutivo, da transição dos vertebrados do ambiente aquático para o ambiente terrestre. Sejamos mais exigentes com a preservação do nosso património. Começar por combater e contrariar superstições e crendices absurdas é um bom caminho.
domingo, 28 de abril de 2013
Flaminga e as letras
A flaminga (4 anos) tinha um trabalho para a escola para fazer sobre meios de transporte e escolheu o autocarro. O Han Solo desenhou o dito e ela pintou e ilustrou, a rigor, não faltando cortinas nas janelas e o condutor com óculos, tal e qual como é o da escola dela. Depois escreveu umas letras no próprio autocarro. Comentámos isso, a par de lhe termos elogiado o desenho, até que reparei numa estranha coincidência das letras e lhe perguntei se ela tinha efectivamente tentado escrever "autocarro". Tornou-se óbvio que sim, e gerou tanto alarido e alguns risos (de boa disposição, e espanto!) que a flaminga se terá sentido visada, ou mesmo gozada, e desatou num pranto ali mesmo. Apesar do seu usual auto-domínio ela é muito tímida e deve ter achado que nos estávamos a rir dela. Lá acalmou com uma conversa calma no colo da mãe e muitos mimos, dizendo que ela tinha escrito as letrinhas muito bem, que não nos estávamos a rir dela, e que para escrever na perfeição todos os meninos precisavam de estudar vários anos.
E provando que estava tudo sanado, passado um tempo acabou o seu desenho e assinou-o com o seu nome escrito num arco-íris de cor.
E provando que estava tudo sanado, passado um tempo acabou o seu desenho e assinou-o com o seu nome escrito num arco-íris de cor.
quinta-feira, 25 de abril de 2013
25 de Abril
Não sou dada a grandes comoções pelo que me surpreendi a mim própria, quando explicava à flaminga, 4 anos, o que era o 25 de Abril, ao sentir um nozinho na garganta. Não sei bem explicar porquê. Ao pensar em capitães de Abril, só me vem à memória a face do Salgueiro Maia, tão novo, tão digno, com uma morte tão precoce e tão injusta. O que pensaria ele do Portugal de hoje. Talvez a comoção se devesse ao pensar nos ideais de Abril, e no desespero, pobreza e desalento que afecta hoje a nossa população. Pelo menos, na altura, na fase posterior de maior sufoco económico, havia esperança, hoje já não há. Ou talvez ainda a comoção se deva a que sinta este país cada vez menos meu, que me encha cada vez mais de revolta, quais amantes cujo amor se esgota e do qual apenas subsiste pequenos restos num fundo cada vez mais fundo.
terça-feira, 23 de abril de 2013
Agora é que eu percebo... III
...qual é a intenção de pôr os pais a pagar as AECs nas escolas.
É uma medida para baixar o desemprego! As pessoas fazem as contas e chegam à conclusão que não compensa andarem a trabalhar, onde cada vez ganham menos, e sabe-se lá em que condições, para gastarem depois em ATLs privados, pois isto de trabalhar e ter filhos na escola pública não é compatível. Então haverá mais mulheres donas de casa. E assim libertam uma quantidade de postos de trabalho.
O nosso des(Governo) é genial.
É uma medida para baixar o desemprego! As pessoas fazem as contas e chegam à conclusão que não compensa andarem a trabalhar, onde cada vez ganham menos, e sabe-se lá em que condições, para gastarem depois em ATLs privados, pois isto de trabalhar e ter filhos na escola pública não é compatível. Então haverá mais mulheres donas de casa. E assim libertam uma quantidade de postos de trabalho.
O nosso des(Governo) é genial.
segunda-feira, 22 de abril de 2013
Momentos XII
-Então ursinho, hoje foram os pais do teu amigo xxx brincar com vocês à sala [da escola], não foi?
-Foi.
-Então o que é que fizeste?
-Pé!
-Pé?!
-Pé!
(Passados uns 10 min.)
Han Solo: - Isto ainda tem que secar, não é? (Referindo-se a um decalque do pé do ursinho em barro que estava em cima da prateleira da sala...)
-Foi.
-Então o que é que fizeste?
-Pé!
-Pé?!
-Pé!
(Passados uns 10 min.)
Han Solo: - Isto ainda tem que secar, não é? (Referindo-se a um decalque do pé do ursinho em barro que estava em cima da prateleira da sala...)
sábado, 20 de abril de 2013
Oquestrada que já percorremos
Hoje foi dia de estreia, ida a concerto para pais e filhos (só os dois mais velhos) (e tia). A pé de casa, com a sensação de que finalmente já se conseguem fazer algumas coisas que dantes fazíamos, agora com eles!
Lá fomos, entusiasmados, embora a cerca de 30% do concerto estivessem o futebolista e a flaminga a dormir, cada um encostado a um progenitor.
Quanto ao concerto, muito engraçado, muito teatral, um serão muito bem passado.
Apesar dos sonos, foi uma boa experiência para todos, venha a próxima...
Lá fomos, entusiasmados, embora a cerca de 30% do concerto estivessem o futebolista e a flaminga a dormir, cada um encostado a um progenitor.
Quanto ao concerto, muito engraçado, muito teatral, um serão muito bem passado.
Apesar dos sonos, foi uma boa experiência para todos, venha a próxima...
sexta-feira, 19 de abril de 2013
Inteira
Para ser grande, sê inteiro: nada Teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és No mínimo que fazes. Assim em cada lago a lua toda Brilha, porque alta vive Ricardo Reis
Pois só sei ser inteira e não doutra maneira.
E aqueles cujos caminhos se cruzam com o meu sabem que assim é, nem é preciso conhecerem-me muito.
Inteira porque a dedicação é tudo ou nada, de outra forma não vale a pena.
Inteira nas partes boas e más. Sem fingimentos nem dissimulações.
E gosto que sejam comigo inteiros também. É que assim a vida é muito mais simples e agradável.
Como só o Ricardo Reis tão simplesmente sabe dizer.
E aqueles cujos caminhos se cruzam com o meu sabem que assim é, nem é preciso conhecerem-me muito.
Inteira porque a dedicação é tudo ou nada, de outra forma não vale a pena.
Inteira nas partes boas e más. Sem fingimentos nem dissimulações.
E gosto que sejam comigo inteiros também. É que assim a vida é muito mais simples e agradável.
Como só o Ricardo Reis tão simplesmente sabe dizer.
quinta-feira, 18 de abril de 2013
Da inspiração
O que nos inspira para escrever, ou para criar em geral? Pode ser qualquer coisa, na verdade. Mas tenho para mim que o Homem mais feliz do mundo, ou o Homem sempre feliz, não precisa nem sente necessidade de escrever ou criar. A inquietação ou até sentimentos mais negativos são grandes impulsionadores criativos, disso não tenho qualquer dúvida. Na verdade, não é de crer que os livros mais marcantes venham de mentes despreocupadamente felizes. Será que esses sentimentos negativos empurram quem os sente para uma necessidade de expressão que assim se realiza? Se as situações depressivas têm como uma das suas características a fixação em determinadas ideias como se explica então este suposto efeito? Haverá um nível óptimo de sentimentos negativos para optimização da actividade criativa?
sexta-feira, 12 de abril de 2013
Diz-me onde dormes...
-Ursinho, a mamã dorme na cama... da mamã (e do papá); o papá dorme na cama do... papá (e da mamã); o futebolista dorme na cama do futebolista; a flaminga dorme na cama da flaminga; e o ursinho dorme na cama...
Ursinho: - Da mamã! Boa ideia?!
Ursinho: - Da mamã! Boa ideia?!
Da arte
Flaminga e ursinho desenham afincadamente, cada um no seu caderno.
-Mamã! É um senhor! - diz o ursinho, com todo o entusiasmo.
(Riscos de alto a baixo da página).
-Muito giro!
Ursinho: -Mamã, eu fiz muitos desenhos.
(Pausa)
Ursinho: - A Flaminga não.
-Mamã! É um senhor! - diz o ursinho, com todo o entusiasmo.
(Riscos de alto a baixo da página).
-Muito giro!
Ursinho: -Mamã, eu fiz muitos desenhos.
(Pausa)
Ursinho: - A Flaminga não.
quinta-feira, 11 de abril de 2013
ainda há...
Neste clima de desespero, desemprego e desesperança no futuro ainda há humanidade, razoabilidade, sensibilidade, compreensão. Testemunhei isso hoje e dei por mim quase comovida, de já tão habituada e endurecida que estou com esta realidade tão feia. É nestas alturas que se vê a luzinha ao fundo do túnel, mas paradoxalmente é quando se sentem as defesas enfraquecidas.
quarta-feira, 10 de abril de 2013
Refaçam as teorias da ecologia alimentar!
Futebolista, para os irmãos: - Eu sou um cavalo mau que come gatos!!
Momentos XI - profissões
-Então meninos, o que gostavam de ser quando fossem grandes?
Futebolista: - Eu quero ser realizador!
Flaminga: - Eu quero ser polícia! (ups! isso é que vai ser andar na linha... vão por mim, não vão querer prevaricar com ela por perto...)
Ursinho: - Eu quero ser (o) bombeiro (Sam)!
Futebolista: - Eu quero ser realizador!
Flaminga: - Eu quero ser polícia! (ups! isso é que vai ser andar na linha... vão por mim, não vão querer prevaricar com ela por perto...)
Ursinho: - Eu quero ser (o) bombeiro (Sam)!
segunda-feira, 8 de abril de 2013
RIP Margaret Thatcher
Estava a pensar no seu epíteto - dama de ferro - e embora seja do conhecimento geral a sua origem, penso que é um nome que assenta mal. Parece-me mais adequado para a multidão silenciosa de mulheres de vida dura, duríssima, que povoam este mundo.
Não conheço profundamente o percurso da Thatcher, mas conheço o suficiente para perceber que ela personifica/personificou muitas das coisas que me desagradam e me desapontam num político. Foi o princípio do fim do Estado social inglês e de certa forma A precursora de muitas coisas negativas que se passaram na política, das quais o desmembramento dos estados sociais são o exemplo mais paradigmático. Foi também um ícone do "orgulho e preconceito" (não do da Jane Austen, esse é um livro muito muito interessante sobre o tema) que a levou a exagerar a sua pronúncia "fina" para esconder as suas origens humildes. Uma personalidade rígida, forte, é certo, mas de uma dureza cega, de uma incompreensão... incompreensível.
Mas acho muito feio estas congratulações pela sua morte, para mais um tipo de morte e de agonia que não se deseja a ninguém. Ocasião sim para relembrar o seu percurso e analisar a sua influência. Até para não se repetir.
Não conheço profundamente o percurso da Thatcher, mas conheço o suficiente para perceber que ela personifica/personificou muitas das coisas que me desagradam e me desapontam num político. Foi o princípio do fim do Estado social inglês e de certa forma A precursora de muitas coisas negativas que se passaram na política, das quais o desmembramento dos estados sociais são o exemplo mais paradigmático. Foi também um ícone do "orgulho e preconceito" (não do da Jane Austen, esse é um livro muito muito interessante sobre o tema) que a levou a exagerar a sua pronúncia "fina" para esconder as suas origens humildes. Uma personalidade rígida, forte, é certo, mas de uma dureza cega, de uma incompreensão... incompreensível.
Mas acho muito feio estas congratulações pela sua morte, para mais um tipo de morte e de agonia que não se deseja a ninguém. Ocasião sim para relembrar o seu percurso e analisar a sua influência. Até para não se repetir.
sábado, 6 de abril de 2013
Decisão do TC
Esta decisão do TC provocou-me um misto de sentimentos confusos.
Por um lado, dá um certo conforto sentir que ainda não é possível fazer tudo quanto apetece e que a Constituição ainda vale alguma coisa. Por outro, levanta-se o receio dos próximos cortes serem ainda piores. E em relação aos trabalhadores do sector privado que serão alvo de cortes, como vai ser? Também será devolvido? Ou fica a desigualdade ao contrário?
De uma forma algo perversa, também fica a sensação que esta era a única saída para agradar a gregos e a troianos, ou para não deixar nenhum dos sectores em absoluto pé de guerra, se se quiserem ver as coisas noutra perspectiva. Ao não aceitar algumas das medidas contenta-se (pelo menos parte d)a população, que por ora fica (um pouco mais) pacificada; ao aceitar outras, faz-se não um "buracão" mas um "bura(quito)" nas contas.
Este episódio deu a oportunidade a Cavaco Silva de proferir outra frase lapidar: As decisões do TC são para respeitar.
Comentários para quê?
Por um lado, dá um certo conforto sentir que ainda não é possível fazer tudo quanto apetece e que a Constituição ainda vale alguma coisa. Por outro, levanta-se o receio dos próximos cortes serem ainda piores. E em relação aos trabalhadores do sector privado que serão alvo de cortes, como vai ser? Também será devolvido? Ou fica a desigualdade ao contrário?
De uma forma algo perversa, também fica a sensação que esta era a única saída para agradar a gregos e a troianos, ou para não deixar nenhum dos sectores em absoluto pé de guerra, se se quiserem ver as coisas noutra perspectiva. Ao não aceitar algumas das medidas contenta-se (pelo menos parte d)a população, que por ora fica (um pouco mais) pacificada; ao aceitar outras, faz-se não um "buracão" mas um "bura(quito)" nas contas.
Este episódio deu a oportunidade a Cavaco Silva de proferir outra frase lapidar: As decisões do TC são para respeitar.
Comentários para quê?
sexta-feira, 5 de abril de 2013
Já vais tarde, Relvas
Não me é fácil dominar todo o fel
que para aqui vai sobre este tema. Foi muito bom ele ter saído, sim. Acho que
foi bom para todos nós. Mas infelizmente não se deve ver isso como um sinal que
o decoro regressa, blá, blá… Não é preciso ser-se um mago da política para se
saber que Relvas há por aí muitos, e que a seguir a este Relvas há-de vir
outro. Um pouquinho melhor, esperemos. Ou menos mau.
Também não subscrevo esta do “agora
é que é, depois deste saem os outros, depois vêm eleições e vamos viver felizes
para sempre”. Sendo um pensamento tentador, penso que qualquer um sabe que não é
verdade. Lá que o Governo pode cair, pode. Até em consequência da aguardada decisão do Tribunal Constitucional.
Mas apenas do Relvas ainda tem largueza de costas para se manter. Para além de
que, seja qual for a decisão e opções tomadas pelo país, o caminho que espera
os portugueses vai ser difícil. É a minha opinião, pode haver outras… (como
diria um amigo meu).
Não consigo contudo deixar de me
espantar com o personagem Relvas. Segundo a jornalista, “agora Miguel Relvas
terá tempo para se dedicar ao que gosta de fazer, ler, ir ao cinema, viajar…”
Nem na hora da despedida (inglória) lhe dá um rebate de consciência e se lembra
que, para muitos, muitos portugueses, esse tipo de actividades está
completamente vedado por estrições financeiras, mesmo considerando aqueles que
não estão desempregados, e que trabalham longas e longas horas para manter as
suas casas e as refeições na mesa. Ou então foi uma interpretação livre da
jornalista, mas que provavelmente não andará longe da verdade…
E sabemos todos que o amigo
Relvas daqui, irá para melhor. Para uma das várias suspeitas empresas dos seus
amigalhaços, finalmente a ganhar um melhor salário e, sobretudo, com menos
preocupações.
Por isso, a saída dele foi boa,
sim. Mas, bem vistas as coisas, não dá para mais que um esgar de sorriso
(pronto, e já agora podemos ouvir com prazer a música da Comercial,
assim
sempre dá para um sorriso mais largo).
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