Viajar! Perder países!

Viajar! Perder países!
Ser outro constantemente,
Por a alma não ter raízes
De viver de ver somente!

Não pertencer nem a mim!
Ir em frente, ir a seguir
A ausência de ter um fim,
E a ânsia de o conseguir!

Viajar assim é viagem.
Mas faço-o sem ter de meu
Mais que o sonho da passagem.
O resto é só terra e céu.

Fernando Pessoa

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Mimo, alimentação e vacinas

Não sou leitora habitual da Pais & Filhos, mas gostei muito deste texto.

http://www.paisefilhos.pt/index.php/destaque/6496-o-cuidado-dos-bebes-esta-muito-medicalizado


Por acaso acho que o título nem está muito bem posto, apesar de provavelmente ser verdade. Isto porque uma série de aspectos que ele foca também podem (e frequentemente são) correctamente transmitidos por um pediatra e, aliás, ele próprio é pediatra.
O artigo foca as 3 coisas do título sobre as quais sempre tive a opinião que este partilha.

Mimo – bem, o mimo pode ser muitas coisas. A parte negativa do mimo será no caso das crianças que obtêm tudo o que pedem (pensando num conceito material, sobretudo; porque não hão-de ter um abraço ou um beijo sempre que o pedem??) Mas o mimo é sobretudo o carinho e atenção; e carinho a mais nunca fez mal a ninguém, muito pelo contrário. Claro que do meu ponto de vista ser carinhoso por vezes é contrariar carinhosamente. Mas enfim, acho que o termo mimo ficou com uma fama muito indesejável, que não faz jus à palavra no seu significado real.
Alimentação – nunca fui apologista de obrigar as crianças a “limpar” o prato – e sempre ouvi muitas opiniões contrárias, e até críticas, por não ser apologista disso. Acho, como diz o entrevistado, que é uma violência obrigar a comer. Para mim é – ter que comer sem ter fome é terrível. Se houver boas regras de alimentação, não é nenhum drama que a criança não coma tudo – nem implica desperdício, pode-se (quase) sempre guardar para próxima ocasião. Se calhar temos é que nos habituar a pôr menos no prato e se estas quiserem mais, repetem.
Vacinas – acho bastante assustadora esta corrente que pelos vistos tem ganho muitos adeptos de que as vacinas fazem mal e não devem ser tomadas. É possível que alguns efeitos negativos existam. Mas são algo já de tão, tão, mas tão testado, que se houvesse algum efeito verdadeiramente mau e claro este já tinha sido detectado. Como é evidente, as vacinas mais recentes – algumas até não incluídas no Plano Nacional de Vacinação – são bastante menos testadas. Mas a esmagadora maioria são-no, e ao recusar-se a vacinação está-se realmente a pôr em perigo a saúde da criança, mas também a de quem a rodeia – basta ver o comentário relativo ao aumento da taxa de sarampo citada pelo entrevistado. E o sarampo pode ser uma doença bem perigosa (e até mortal), que pode deixar marcas para a vida.

Enfim, é bom de vez em quando ver escrito algo que vem de encontro ao que pensamos.

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