Voltando ainda aos 3 anos do ursinho, este aniversário foi realmente especial, porque foi a primeira vez que ele se apercebeu que estava a fazer anos. Claro que não terá entendido que fazia 3 anos que ele tinha nascido e que a comemoração era disso mesmo, mas foi claro para ele que ali ele comemorava ele próprio e que era o dia dele. Nesse sentido, tudo foi uma surpresa, com um enorme entusiasmo por todos que lá estavam, amigos e família, e com as ofertas que ele recebia cada uma como se fosse a primeira (ou quase, quando se começaram a multiplicar ou ele estava muito ocupado com outra o entusiasmo era menor, mas com os anos que já tenho disto diria que o nível e entusiasmo estava no máximo ou muito perto disso).
De tal forma que quando começou a chegar o bolo à mesa e a acenderem-se as velas, o ursinho não é cá rapaz de cerimónias e decide ele próprio dar o mote e começar ele próprio a cantar os parabéns, "obrigando" todos os presentes a segui-lo no timing que ele decidiu.
De certa forma foi também a despedida da primeira infância, da tal que não deixa memórias identificáveis pelo próprio. Uma vez disseram-me que a diferença entre uma mãe de três filhos e uma de dois é que a primeira não fica com saudades/desejos de ter mais um filho, mais um bebé. Suponho que haja muita variabilidade no sentimento, mas eu concordo. Aliás, é uma situação que personifica bem a diferença que eu defino entre saudade e nostalgia: saudade é algo que queremos que volte, nostalgia é recordar às vezes com uma pontinha de tristeza, outros tempos que foram bons. E palpita-me que estas primeiras infâncias me trarão a dada altura essa mesma nostalgia. Mas a saudade não - há tempos para tudo, e eu definitivamente passei o tempo dos (meus) bebés e passei ao tempo [apenas] das crianças.
Ursinho, é verdade que foi o teu terceiro aniversário, mas para ti mesmo foi como se fosse o primeiro. Ou então uma grande festa de boas-vindas. Bem-vindo, ursinho, todos os dias!
Viagens pelo mundo, por Portugal, pela rua. Viagens por terras desconhecidas e viagens interiores, viagens na ponta dos dedos através de teclas ou folhas de papel. Pois se o que importa não é o destino mas a viagem, e o que é a vida senão uma grande viagem...
Viajar! Perder países!
Viajar! Perder países!
Ser outro constantemente,
Por a alma não ter raízes
De viver de ver somente!
Não pertencer nem a mim!
Ir em frente, ir a seguir
A ausência de ter um fim,
E a ânsia de o conseguir!
Viajar assim é viagem.
Mas faço-o sem ter de meu
Mais que o sonho da passagem.
O resto é só terra e céu.
Fernando Pessoa
Ser outro constantemente,
Por a alma não ter raízes
De viver de ver somente!
Não pertencer nem a mim!
Ir em frente, ir a seguir
A ausência de ter um fim,
E a ânsia de o conseguir!
Viajar assim é viagem.
Mas faço-o sem ter de meu
Mais que o sonho da passagem.
O resto é só terra e céu.
Fernando Pessoa
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