Viajar! Perder países!

Viajar! Perder países!
Ser outro constantemente,
Por a alma não ter raízes
De viver de ver somente!

Não pertencer nem a mim!
Ir em frente, ir a seguir
A ausência de ter um fim,
E a ânsia de o conseguir!

Viajar assim é viagem.
Mas faço-o sem ter de meu
Mais que o sonho da passagem.
O resto é só terra e céu.

Fernando Pessoa

quinta-feira, 28 de março de 2013

Viagem à Coreia do Norte



Não, infelizmente neste caso não sou eu a viajante, sou sim a leitora do livro “Dentro do segredo” do José Luís Peixoto, precisamente sobre uma viagem a este país.
Devo dizer que não sou fã deste escritor, li apenas um livro dele e não gostei. Se calhar, acabei de passar a mim própria um atestado de falta de gosto, mas foi mesmo assim. No entanto, este livro despertou-me grande curiosidade, não fosse sobre aquele que chamam “o país mais fechado do mundo”.
Até ver, muito interessante, e JL. Peixoto para mim está revelar-se um muito melhor cronista de viagens que romancista. Como são incríveis tantas coisas naquele país. É proibido um estrangeiro entrar com telemóvel (tem que o deixar à chegada para o recolher só no final da viagem), é proibido levar “elementos culturais” (como livros), é proibido tirar fotografias (a não ser quando é indicado por guias(?), é proibido fazer qualquer tipo de publicação sobre a viagem (arriscaste-te um bocado, J.L.P.).
É tudo proibido. Como será viver lá? Será que, qual alegoria da caverna, não conhecendo outras realidades, fechados ao resto do mundo e com os meios de comunicação total e completamente controlados pelo regime, tudo isto (e muito mais) é encarado pela população com normalidade?
A ver como progride a viagem…

quarta-feira, 27 de março de 2013

Vá pelo seu rato!

Uma adaptação do velhinho anúncio das páginas amarelas, que poderia muito bem ser adoptada pela Google Earth! Google, estou pronta a negociar ;)

sábado, 23 de março de 2013

E pela manhã, as Eras Geológicas do tapete da sala

...ensonada chego à sala de manhã e vejo um desfile de dinossauros no tapete...
Futebolista: - Dividi os dinossauros pelas Eras Geológicas, estes são os do Triássico, estes do Jurássico e estes do Cretácico...
(E estão em marcha curtíssimas metragens de cada Era...)

sexta-feira, 22 de março de 2013

A neurótica Europa

Em casa dos meus pais a minha mãe tinha um recorte de jornal com um curioso conjunto de frases colado no frigorífico com um íman; estas frases eram todas críticas à novas gerações (pelas gerações mais velhas). O engraçado dessas frases é que, dizendo fundamentalmente o mesmo, a sua amplitude cronológica variava em mais de um milénio. Todas de autores europeus, é claro.
Alguém já escreveu que desde que se conhece que a Europa está em crise. Talvez seja este estado neurótico permanente que tanto atrai o realizador Woody Allen à Europa e vice-versa. Pelo menos um exemplo tem, pois os filmes dele a mim atraem-me imenso!
Mas voltando a assuntos menos simpáticos, esta crise europeia está-se a tornar muito perigosa. E está-se a tornar perigosa porque este terreno de recessão económica, desemprego, desespero e escalada de pobreza é terreno fértil para oportunistas e parasitas que historicamente lucram com conflitos. Dos grandes e dos pequenos. A Europa menos rica (falar em Europa pobre ainda é uma ofensa para muitos e muitos países deste mundo tão desigual) está a acumular rancor e raiva em relação à Europa mais rica. Os fantasmas antigos agitam-se e as feridas não completamente cicatrizadas começam a arder. E é tão tentador ter bodes expiatórios... que por vezes são nações.
Nós bem sabemos que a Europa mais rica (e boa parte da menos rica!) olha para Portugal e para os países do sul em geral com um misto de paternalismo e impaciência face à sua ineficiência... no mínimo. Mas a culpa de toda esta situação não é do eleitor alemão. Este é mais um peão deste Monopólio perigoso, deste Parasita que quer viver alimentando-se ao máximo do seu hospedeiro, mas que para viver não o pode matar. Neste clima é fácil para os ódios grassar. A minha neurose (como boa europeia que sou) não é tão forte que me faça sugerir que a 3ª Guerra Mundial vem aí. Mas há uma certa hipótese de que este caminho que se começou a trilhar possa ir lá dar.

Baby Blues, adoro porque...

...me diverte imenso
...me faz rir
...identifico os personagens dos livros com os personagens cá de casa
...me faz sentir uma mulher-mãe trivial e perfeitamente normal.

terça-feira, 19 de março de 2013

Cada qual tem o que merece...

Ora bem, tomar balanço e... no dia de hoje tivémos: trabalho intenso para acabar, ursinho com tosses e febres, flaminga a recuperar de dor de ouvidos que desaparceu meteoricamente de um dia para o outro, o futebolista também de férias em casa e o Han Solo com uma sinusite a comprimir-lhe o cérebro... pelo meio uma ida à farmácia para acudir aos doentes, outra ao supermercado para fornecer o lar de víveres e chocolates para o dia do pai e um treino do futebolista com o computador nos joelhos e ao redor um frio de gelar os ossos. O que vale é que à noite a flaminga me tranquiliza com um olhar terno:
-Mamã, tu vais ser velhinha?
-Hei-de ser, filha, um dia, mas ainda falta muito tempo.
-Quando fores velhinha eu vou-te ajudar.

domingo, 17 de março de 2013

Cartoons desta vida

Hoje foi toda a famelga a uma exposição de cartoons. Bem gira, por sinal. Como seria de esperar, a crise era o tema dominante e Passos Coelho, Cavaco e Angela Merkel os principais protagonistas. Um particularmente explícito foi a Angela merkel a passear um cãozinho pela trela extremamente parecido com o nosso Primeiro-Ministro, cãozinho este muito entretido a fazer xixi de perna levantada contra a haste de uma bandeira da União Europeia.

Tempos para tudo

Ao contrário do efeito pretendido (acho eu) das muitas mensagens, imagens, músicas, enfim, de tantas formas de comunicar para dar alento, para fazer ver, bem, está tudo mal, mas o sol brilha, há outras coisas na vida importantes e tal, e tal... provocam-me alguma irritação... (o que não quer dizer que não as tenha já transmitido!) E não acho que sejam realmente terapêuticas.
Quando chega uma altura de desalento, aborrecimento, tristeza, enfim, sentimentos negativos vários, o corpo e a mente têm que ter consciência deles. Estes sentimentos TÊM que ser sentidos. E têm que o ser porque corpos e mentes precisam de arranjar a sua forma de lhes reagir - variada, conforme a pessoa - para destilar todo o mau estar. No final, vê-se tudo mais desanuviado - o problema ou mau-estar está lá, mas corpo e mente sabem melhor o que querem e como querem. Aí sim, é momento para as mensagens de esperança. Tal como se diz que todos têm os seus 5 minutos de fama, toda a gente tem também direito aos seus 5 minutos de desesperança.

sábado, 16 de março de 2013

Momentos X

Eu e os filhotes no elevador do prédio, de manhã, a caminho da(s) escola(s).
Entra uma vizinha a meio caminho, uma rapariga nova e engraçada, que por sua vez achou muita graça aos miúdos que, envergonhados, fizeram meios sorrisos e a olharam de esguelha, sem grandes cumprimentos.
Neste ambiente, meio de vergonha, meio de sorrisos, eis que o ursinho da forma mais inesperada abre um sorriso aberto, dirigido à vizinha, e diz alto e bom som: - Tu és feia!!!!!
(...) Até os irmãos coraram e eu até gaguejei... felizmente que a rapariga não era efectivamente feia, caso contrário teria achado menos graça...

Ser mãe (também) é isto

O futebolista, como o nome indica, joga futebol. E passe uma provável falta se isenção da minha parte, joga bem. Joga bem, tal como outros da equipa jogam bem, alguns porventura melhor. Mas ele é dos que joga bem. Seria hipocrisia da minha parte se não reconhecesse que fico orgulhosa com os gritos, durante os jogos de "Boa, futebolista!", dos treinadores, e de outros pais, embora, claro, tente que não se note. (E eu não sou particularmente fã de futebol, enfim, acho o jogo giro, tenho o meu clube, mas sem exageros).
Virando esta página, o futebolista, tal como o nome NÃO indica, anda na natação. E anda porque, para além de eu achar importante que ele aprendesse a nadar, até por uma questão de segurança, desde criança pequena que sempre foi problemático com a ambientação na água e uma primeira experiência de natação aos 5 anos correu mesmo bastante mal - enorme resistência para ir, choros sempre que era para pôr a cabeça debaixo de água, etc., etc.. Bem, esta segunda experiência está a correr melhor. Já fez bastantes progressos, lentamente. Hoje vinha satisfeito porque tinha feito "o ovo" - encolher-se com o corpo dentro de água - e a "estrela" - uma espécie de boiar ao contrário, de cabeça enfiada na água. Ele sabe bem que, ao contrário do futebol, em que em termos de desempenho está perfeitamente integrado na equipa, ali é nitidamente o que menos à vontade está dentro de água e o que menos destreza tem a fazer os exercícios. E sabe isso porque já me disse: "A nova professora ainda não sabe que eu sou diferente dos outros". Ao que eu respondi: "Tu és igual aos outros, só tens que praticar mais!" Por isso, fico tão ou mais orgulhosa com a primeira vez que ele me diz com orgulho fiz a "estrela", como a ver um bom remate, uma boa finta, ou um bom golo.

quarta-feira, 13 de março de 2013

Fumo... de que cor mesmo?

Não sei se é o efeito das alergias e anti-histamínicos que lhes espetei em cima para ver se consigo estar mais que 30 segundos sem espirrar nem esfregar os olhos, mas esta escolha do novo papa mereceu a minha apatia e passou-me basicamente ao lado. E não por falta de tempo ou de oportunidade de ver o que se estava a passar, simplesmente causou-me indiferença.
Não sou crente, não consigo ser, mas esforço-me por respeitar as crenças alheias, mesmo sem as compreender. Desde, claro, que não mas venham impingir, nem a mim nem aos filhotes; essa é mesmo uma tecla sensível - ninguém a queira tocar - até terem idade para pensar pelas suas cabeças e tomarem opções do ponto de vista religioso, a opção seguida é a dos pais. Mas penso que sobre isso não preciso de me preocupar - o futebolista, o mais velho e crescentemente mais consciente de todas essas questões, parece ter herdado de nós uma infinita capacidade de duvidar e questionar, tal como um cepticismo bastante enraizado. Estou descansada, portanto; qualquer escolha ou opção que venha a tomar será pela sua cabeça.
Apesar da indiferença que todo o processo de escolha do novo papa me despertou (passe a contradição), lamento que se tenha desperdiçado mais uma oportunidade de efectivamente renovar. Escolher alguém mais novo, com ideias abertas, que finalmente reconheça aos homens da Igreja o direito a ter uma família, amor, sexo, enfim, uma vida normal. Que abra o sacerdócio às mulheres. Que se aplique, dentro de algumas convicções, a auxiliar no combate às doenças sexualmente transmissíveis.
Não, nem assim me conseguiriam cativar. É assim, as crenças não se escolhem - ou se tem, ou não se tem. Mas os desfavorecidos, os marginalizados, enfim, e todas as pessoas esclarecidas, agradeceriam. E seria um excelente (e alcançável) contributo para um mundo melhor.

Porque não me ouves?

Alguém pode dizer ao meu sistema imunitário que não há para aqui microorganismos a atacá-lo? Que está a ser enganado por uns miseráveis ácaros ou outras quaisquer entidades microscópicas e misteriosas que se pudesse esmagava agora mesmo com fúria e prazer? E porque o enganam melhor estas criaturas que o próprio e conceituado Aerius????

sábado, 9 de março de 2013

Agora é que eu percebo...II

...porque é que os meus ataques de rinite são (ou começam) sempre ao fim de semana. É que é altura de intensa arrumação e lavagem de roupa... e olhem que roupa de 5 é muita roupa! Malditos ácaros...

Momentos IX

Futebolista, olhando para a televisão: -"Este é o... é o..."
Viajante (desabafo) - "Olha, é o que nos anda a roubar a todos".
Futebolista: -"Ah, é o Gaspar".

sexta-feira, 8 de março de 2013

Ser mulher é…



…lavar os copos.
Pelo menos esta é a percepção de um coleguinha da sala da flaminga. Mas a maioria das opiniões dos outros meninos foram na mesma linha, quiçá com tarefas um pouco mais generalistas. A minha flaminga recusou-se a participar – seria uma forma de protesto relativamente à precária e revoltante situação das mulheres por este mundo fora? J Forma de protesto foi de certeza, agora sobre quê, vá-se lá saber. Provavelmente, nem ela sabe.
Obviamente que não são as mães dos coleguinhas da flaminga que vivem em situações revoltantes, precárias e injustas. Mas esta percepção infantil espelha bem a profundidade das raízes culturais da subjugação e subalternização que a sociedade durante séculos e milénios impôs às mulheres. Até em casas onde as tarefas são partilhadas (não me falem em maridos que “ajudam” que me sobe a mostarda ao nariz!!) esta herança cultural está presente, de alguma forma. Até eu, mãe tão pouco ortodoxa, tão pouco housewife, aflijo-me ao olhar em volta e sinto-me responsável e quase culpada por uma série de tarefas que estão por fazer. E zango-me comigo própria, pois não tenho que o sentir dessa forma. E isto tendo a clara percepção que no domínio da partilha das tarefas caseiras e parentais sou uma mulher privilegiada.
Flaminga, minha filha linda, ser mulher não é lavar copos. Ser mulher é ser-se um ser humano completo, dono de si, e tão responsável pelas tarefas domésticas como o parceiro que eventualmente se venha a escolher. Mas tu sabes isso, pois és filha da tua mãe, já pensas tão bem pela tua cabecinha apesar da tua tão tenra idade e também, felizmente, esta triste herança cultural sempre se vai desvanecendo ao longo do tempo. Ah, e o convívio com dois irmãos machos também tem sido uma boa preparação para a tua vida.
(A minha mais profunda homenagem às mulheres exploradas, escravizadas e injustiçadas por esse mundo fora. Vós todas são as verdadeiras heroínas deste mundo. Um sugestão: prémio nobel da paz para as mulheres deste mundo que lutam pelos seus direitos correndo tantos riscos pessoais).

quinta-feira, 7 de março de 2013

Momentos VIII

-Futebolista: Não gosto muito de ervas aromátricas.

13 anos, 13



Já lá vão 13 anos,
Que até ver não foram de azar,
Venham mais 13, mais 26,
Estamos cá para os enfrentar.
Já viste Han Solo
Tão longe que chegámos
Aquilo que fomos somando
Inclusive coisas com que nunca sonhámos.
A juventude, pouco a pouco, está-se a ir
E com ela alguma inocência
Mas temos acumulado treino, sabedoria
E também bastante experiência!
Os 13, 26, 39 para vir
Que venham suaves e com tranquilidade
Que o amor continue sempre a morar connosco
E que para o cuidar tenhamos habilidade.

quarta-feira, 6 de março de 2013

Nova rubrica: Agora é que eu percebo... I

... porque é que dantes as famílias ditas endinheiradas tinham costureiras para além de criadas!
Não se passa uma semaninha sem um novo buraco nalguma peça de roupa... E quem diria há uns anos que um dos hobbies dos meus serões seria de agulha e linha na mão... (e não, não para trabalho criativo, mas simplesmente para reparação..)

Momentos VII

Flaminga: - Esta bolacha é muito média!!

O paradoxo da política

Na sequência do meu post de ontem, apreciei hoje particularmente este artigo do Daniel Oliveira http://expresso.sapo.pt/santo-chavez-e-o-pecado-do-soberba=f791470

E vejo aqui uma figura de nestedness (para os utilizadores da clássica ANOVA) ou, para quem quiser outra imagem, das "bonecas matrioskas". Eu aprecio geralmente o que o Daniel Oliveira escreve. Não quer dizer que concorde com tudo o que ele escreve e diz; com muitas coisas não concordo, posso considerar demagógicas, ou irrealistas, ou algo do género. Mas aprecio a sua visão humanista e, acima de tudo, a capacidade e a coragem de se opôr a opiniões, correntes e personagens incontestadas dentro do seu próprio Partido. Há muito por aí quem seja incapaz de criticar o Chávez (pelos motivos que ele expõe) pelo facto de ele ter tido uma política de apoios sociais (aí muito positiva), tornando-o assim acima de qualquer possibilidade de crítica. Ora como dizia o outro os fins não podem justificar os meios.

Já agora queria acrescentar que o facto do Daniel Oliveira ter saído do seu partido confirmou a meus olhos a sua personalidade corajosa e a sua coerência (caso não vá a correr para outro Partido mas, enfim, poderá ter as suas razões para o fazer). E disse uma coisa muito importante: que uma das suas desilusões ou críticas tinha a ver com facto do Partido não querer procurar pontes para efectivamente se tornar uma alternativa, para além apenas de uma voz crítica.

E aqui reside o paradoxo: o conforto que dá sentir alguém coerente na política por ter tido a coragem de cortar laços com o seu partido faz-me lá no fundinho fazer brilhar uma réstea de esperança na política e nos políticos; mas se são estes quem sai... então os que ficam não alimentam a minha esperança... no final de contas a esperança aumenta ou diminui? (Eu digo, quando encontrar a resposta).

terça-feira, 5 de março de 2013

RIP Hugo Chávez

É sempre triste ver alguém batalhar contra o cancro e perder a luta. E se há coisa que Chávez era, era um lutador.
Mas assombra-me sempre como figuras políticas podem despertar tanta paixão. Ódio, ainda dá para compreender: existe alguém que consiga não odiar Hitler? Ou Pol-Pot?
Há uns tempos vi um documentário sobre a Venezuela de Hugo Chávez. Sem dúvida homem de grande carisma e que por boas e más razões tem o seu lugar na História. Mas que me perdoem os seus apaixonados, com um grande déficit democrático.
Uma série de coisas boas aconteceram com ele naVenezuela. E uma série de coisas más também. Consigo conceber a paixão de quem "ele" tirou da miséria. De simpatizantes políticos apenas não consigo compreender. Um homem será sempre um homem, com as suas virtudes e defeitos.