Viajar! Perder países!

Viajar! Perder países!
Ser outro constantemente,
Por a alma não ter raízes
De viver de ver somente!

Não pertencer nem a mim!
Ir em frente, ir a seguir
A ausência de ter um fim,
E a ânsia de o conseguir!

Viajar assim é viagem.
Mas faço-o sem ter de meu
Mais que o sonho da passagem.
O resto é só terra e céu.

Fernando Pessoa

quarta-feira, 13 de março de 2013

Fumo... de que cor mesmo?

Não sei se é o efeito das alergias e anti-histamínicos que lhes espetei em cima para ver se consigo estar mais que 30 segundos sem espirrar nem esfregar os olhos, mas esta escolha do novo papa mereceu a minha apatia e passou-me basicamente ao lado. E não por falta de tempo ou de oportunidade de ver o que se estava a passar, simplesmente causou-me indiferença.
Não sou crente, não consigo ser, mas esforço-me por respeitar as crenças alheias, mesmo sem as compreender. Desde, claro, que não mas venham impingir, nem a mim nem aos filhotes; essa é mesmo uma tecla sensível - ninguém a queira tocar - até terem idade para pensar pelas suas cabeças e tomarem opções do ponto de vista religioso, a opção seguida é a dos pais. Mas penso que sobre isso não preciso de me preocupar - o futebolista, o mais velho e crescentemente mais consciente de todas essas questões, parece ter herdado de nós uma infinita capacidade de duvidar e questionar, tal como um cepticismo bastante enraizado. Estou descansada, portanto; qualquer escolha ou opção que venha a tomar será pela sua cabeça.
Apesar da indiferença que todo o processo de escolha do novo papa me despertou (passe a contradição), lamento que se tenha desperdiçado mais uma oportunidade de efectivamente renovar. Escolher alguém mais novo, com ideias abertas, que finalmente reconheça aos homens da Igreja o direito a ter uma família, amor, sexo, enfim, uma vida normal. Que abra o sacerdócio às mulheres. Que se aplique, dentro de algumas convicções, a auxiliar no combate às doenças sexualmente transmissíveis.
Não, nem assim me conseguiriam cativar. É assim, as crenças não se escolhem - ou se tem, ou não se tem. Mas os desfavorecidos, os marginalizados, enfim, e todas as pessoas esclarecidas, agradeceriam. E seria um excelente (e alcançável) contributo para um mundo melhor.

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