Sempre me intrigou a proporção aparentemente elevada de pessoas geniais, chamemos-lhes assim, com variados distúrbios do ponto de vista psíquico. Compositores que enlouquecem, matemáticos esquizofrénicos, cientistas loucos.
Não sei se esta proporção é real, de facto. Pode ser um efeito de serem mais badalados os nomes, ou os ditos problemas, ao jeito de uma exploração doentia dos lados mais sombrios das pessoas.
O filme "Uma mente brilhante" marcou-me bastante e deixou-me a pensar ciclicamente nestas questões.
Parece que outros já tiveram os mesmos pensamentos: o Han Solo falou-me numa bd recente sobre matemáticos em que os autores avançavam o caráter obsessivo-compulsivo de vários matemáticos importantes.
Tendo a pensar que a criação ou desenvolvimento de teorias ou formas artísticas revolucionárias pode bem passar por uma fixação profunda da pessoa naquilo que está a criar ou a desenvolver.
Do extremo da genialidade ao mundo terreno, serão as pessoas mais inteligentes efetivamente mais felizes? Será uma benção ou na realidade uma maldição?
Viagens pelo mundo, por Portugal, pela rua. Viagens por terras desconhecidas e viagens interiores, viagens na ponta dos dedos através de teclas ou folhas de papel. Pois se o que importa não é o destino mas a viagem, e o que é a vida senão uma grande viagem...
Viajar! Perder países!
Viajar! Perder países!
Ser outro constantemente,
Por a alma não ter raízes
De viver de ver somente!
Não pertencer nem a mim!
Ir em frente, ir a seguir
A ausência de ter um fim,
E a ânsia de o conseguir!
Viajar assim é viagem.
Mas faço-o sem ter de meu
Mais que o sonho da passagem.
O resto é só terra e céu.
Fernando Pessoa
Ser outro constantemente,
Por a alma não ter raízes
De viver de ver somente!
Não pertencer nem a mim!
Ir em frente, ir a seguir
A ausência de ter um fim,
E a ânsia de o conseguir!
Viajar assim é viagem.
Mas faço-o sem ter de meu
Mais que o sonho da passagem.
O resto é só terra e céu.
Fernando Pessoa
Penso muito nisso, sabes?
ResponderEliminarE acho que sim, quanto mais pensamos, quanto mais fundo nos debruçamos sobre as coisas, maior o risco de cruzarmos a linha que nos separa da loucura. Por mim, sinto que caminho eternamente em cima dessa linha, como um equilibrista no arame. E acho que ter essa consciência me ajuda a não cair para o lado errado...