Lá dizia o sr. Freud que tínhamos cá um censor, o super-ego, que filtrava e encriptava as mensagens dos sonhos, escapes das nossas mais profundas preocupações, anseios e traumas.
Eu acho que o meu super-ego não funciona bem. Ou então as minhas preocupações, anseios e traumas são tão cinzentos e pouco estimulantes que o super-ego não se incomoda a mascará-los. Pois de facto sonho exactamente com o que me preocupa, sem filtros nem encriptações. É o verdadeiro pesadelo de um psicanalista.
Viagens pelo mundo, por Portugal, pela rua. Viagens por terras desconhecidas e viagens interiores, viagens na ponta dos dedos através de teclas ou folhas de papel. Pois se o que importa não é o destino mas a viagem, e o que é a vida senão uma grande viagem...
Viajar! Perder países!
Viajar! Perder países!
Ser outro constantemente,
Por a alma não ter raízes
De viver de ver somente!
Não pertencer nem a mim!
Ir em frente, ir a seguir
A ausência de ter um fim,
E a ânsia de o conseguir!
Viajar assim é viagem.
Mas faço-o sem ter de meu
Mais que o sonho da passagem.
O resto é só terra e céu.
Fernando Pessoa
Ser outro constantemente,
Por a alma não ter raízes
De viver de ver somente!
Não pertencer nem a mim!
Ir em frente, ir a seguir
A ausência de ter um fim,
E a ânsia de o conseguir!
Viajar assim é viagem.
Mas faço-o sem ter de meu
Mais que o sonho da passagem.
O resto é só terra e céu.
Fernando Pessoa
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