Depois de um post sobre introversão e introspecção nada como
reflectir um pouco sobre… a vida em comunidade.
É muito possível que aquilo que eu vou escrever não seja
assim em várias situações. As aldeias, sobretudo as mais isoladas, têm
certamente uma vivência comunitária muito diferente. Haverá por certo vários
exemplos pontuais que funcionam. Mas na generalidade a nossa vivência em
comunidade (e quando digo nossa, refiro-me à população portuguesa urbana) é
francamente deficitária. O que é uma comunidade? De uma forma geral, será um
conjunto de indivíduos que habitam o mesmo local, que frequentam os mesmos locais,
que têm as mesmas vivências. Certamente que estas comunidades continuam a
existir. O que desapareceu (ou quase) foi um certo tipo de vivência
comunitária. Estes grupos de indivíduos têm obviamente interesses comuns. A
troca de informação, o debate e a decisão em comunidade são muito importantes
para ter uma posição representativa (e representada) sobre muitos assuntos. O
que move as iniciativas comunitárias são precisamente estes interesses e
assuntos comuns. Contudo, não se deve olhar para a comunidade só como uma
“união faz a força”. Com o debate de opiniões e ideias pode-se conseguir uma
posição mais activa e mais eficaz sobre os problemas que atingem as várias
comunidades.
É também importante que nos sintamos pertença de um grupo.
Afinal, a maior parte dos nossos problemas são comuns e têm soluções comuns.
Atenção: não precisamos de ser todos os melhores amigos. Mas é preciso
compreender que a força de uma comunidade é maior que a da soma dos seus
indivíduos. E que a sua razão de existir é (ou deve ser) o bem comum de todos
os indivíduos que lhe pertencem. Há vários sinais que evidenciam que a presente
crise tem despertado as pessoas para a importância desta vivência comunitária. Mas
isso por si só não é um indicador de empobrecimento. Na realidade, as sociedades
mais desenvolvidas (com menores contrastes sociais) têm um forte sentido
comunitário. Aí não é vergonha nenhuma utilizar artigos em segunda mão e ter
como base um sistema de trocas para suprir variadíssimas necessidades. Uma
vivência comunitária mais intensa não é aceitar ou assumir uma posição de
caridade, nem uma afirmação política. É tão só uma atitude de inteligência,
racionalidade e declaração de interesse em intervir nos problemas que nos
afectam.
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