Viajar! Perder países!

Viajar! Perder países!
Ser outro constantemente,
Por a alma não ter raízes
De viver de ver somente!

Não pertencer nem a mim!
Ir em frente, ir a seguir
A ausência de ter um fim,
E a ânsia de o conseguir!

Viajar assim é viagem.
Mas faço-o sem ter de meu
Mais que o sonho da passagem.
O resto é só terra e céu.

Fernando Pessoa

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

O vento a mudar

Ontem ao final da tarde estávamos a ouvir o vento a soprar lá fora, mais frio do que o habitual, cada um ocupado em tarefas mais tranquilas do que é costume, na minha casa tão movimentada. Eu lia enroscada no sofá, o Han Solo estava no computador e o futebolista e a flaminga jogavam com umas cartas fabricadas pelo primeiro com um simples papel de rascunho e uma esferográfica. O ursinho não estava em casa, mas com os avós, por sinal também tranquilo, a dormir uma sesta.
E tal como a personagem do livro que eu lia, à qual o vento trazia premonições e mudanças de vida, dei por mim a sentir que finalmente o outono não vai tardar. E no fim de contas, apesar das suas desvantagens, traz também consigo alguns destes momentos intimistas de reflexão e encontro connosco próprios. Não sei se tenho já vontade de me despedir do verão, mas naquele momento soube que estava preparada para a chegada do outono e para as mudanças que este traz com ele.

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