Enfim acabei essa viagem literária!
Grande livro (livro grande, também). Sem dúvida a ler, enfrentá-lo como uma maratona, pois se não tem muitos personagens (e portanto não há problema com eventuais esquecimentos para quem não tem oportunidade de ler com a frequência necessária) é um romance para ir lendo e apreciando o ambiente e os detalhes.
À partida o mote não parece o melhor: inicia-se com uma visita de um personagem a um sanatório de tuberculosos, no início do séc. XX...
Mas é uma extraordinária parábola ao funcionamento em comunidade e como se enclausuram as pessoas nas suas esferas de conforto. E que leva a pensar. Estaremos sem o saber instalados numa esfera de conforto? Será que é isso que o ser humano procura no essencial, a sua esfera de conforto?
O final é extraordinário, por isso não desistam até lá chegar. Que grande viagem esta!
Viagens pelo mundo, por Portugal, pela rua. Viagens por terras desconhecidas e viagens interiores, viagens na ponta dos dedos através de teclas ou folhas de papel. Pois se o que importa não é o destino mas a viagem, e o que é a vida senão uma grande viagem...
Viajar! Perder países!
Viajar! Perder países!
Ser outro constantemente,
Por a alma não ter raízes
De viver de ver somente!
Não pertencer nem a mim!
Ir em frente, ir a seguir
A ausência de ter um fim,
E a ânsia de o conseguir!
Viajar assim é viagem.
Mas faço-o sem ter de meu
Mais que o sonho da passagem.
O resto é só terra e céu.
Fernando Pessoa
Ser outro constantemente,
Por a alma não ter raízes
De viver de ver somente!
Não pertencer nem a mim!
Ir em frente, ir a seguir
A ausência de ter um fim,
E a ânsia de o conseguir!
Viajar assim é viagem.
Mas faço-o sem ter de meu
Mais que o sonho da passagem.
O resto é só terra e céu.
Fernando Pessoa
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