Enfim acabei essa viagem literária!
Grande livro (livro grande, também). Sem dúvida a ler, enfrentá-lo como uma maratona, pois se não tem muitos personagens (e portanto não há problema com eventuais esquecimentos para quem não tem oportunidade de ler com a frequência necessária) é um romance para ir lendo e apreciando o ambiente e os detalhes.
À partida o mote não parece o melhor: inicia-se com uma visita de um personagem a um sanatório de tuberculosos, no início do séc. XX...
Mas é uma extraordinária parábola ao funcionamento em comunidade e como se enclausuram as pessoas nas suas esferas de conforto. E que leva a pensar. Estaremos sem o saber instalados numa esfera de conforto? Será que é isso que o ser humano procura no essencial, a sua esfera de conforto?
O final é extraordinário, por isso não desistam até lá chegar. Que grande viagem esta!
Viagens pelo mundo, por Portugal, pela rua. Viagens por terras desconhecidas e viagens interiores, viagens na ponta dos dedos através de teclas ou folhas de papel. Pois se o que importa não é o destino mas a viagem, e o que é a vida senão uma grande viagem...
Viajar! Perder países!
Viajar! Perder países!
Ser outro constantemente,
Por a alma não ter raízes
De viver de ver somente!
Não pertencer nem a mim!
Ir em frente, ir a seguir
A ausência de ter um fim,
E a ânsia de o conseguir!
Viajar assim é viagem.
Mas faço-o sem ter de meu
Mais que o sonho da passagem.
O resto é só terra e céu.
Fernando Pessoa
Ser outro constantemente,
Por a alma não ter raízes
De viver de ver somente!
Não pertencer nem a mim!
Ir em frente, ir a seguir
A ausência de ter um fim,
E a ânsia de o conseguir!
Viajar assim é viagem.
Mas faço-o sem ter de meu
Mais que o sonho da passagem.
O resto é só terra e céu.
Fernando Pessoa
domingo, 30 de setembro de 2012
terça-feira, 25 de setembro de 2012
Preparativos
Alturas houve em que gostava de fazer malas. Escolher criteriosamente aquilo que seria mais útil e que ocuparia menos espaço. Arrumar as coisas de forma geométrica. Ter à mão os essenciais (por exemplo, de avião os essenciais são uma escova e pasta de dentes e roupa interior). Actualmente já não gosto tanto de fazer malas porque são a multiplicar, para os que vão, ou para os que vão e para os que ficam. Torna-se uma tarefa muito cansativa e complexa, sem contar com os dias anteriores a lavar roupa que nem uma louca. Faz lembrar a dívida do Estado em que corremos, corremos, corremos para a pagar e ela sempre a aumentar. É como o meu cesto de roupa suja. Penso que é uma boa analogia.
Às vezes, só a lembrança dos preparativos desencoraja a viagem. Parece que por cada dia de preparativos é necessário um de férias para voltar ao normal.
Desfazer malas é um pesadelo (sempre foi), mas desde que há malas a multiplicar, sabemos que estão cá bracinhos muito ansiosos por nos abraçar com força. E que algum vazio dos dias anteriores vai finalmente ser preenchida. É verdade que nunca mais somos tão livres para partir, mas sabe muito melhor regressar.
Às vezes, só a lembrança dos preparativos desencoraja a viagem. Parece que por cada dia de preparativos é necessário um de férias para voltar ao normal.
Desfazer malas é um pesadelo (sempre foi), mas desde que há malas a multiplicar, sabemos que estão cá bracinhos muito ansiosos por nos abraçar com força. E que algum vazio dos dias anteriores vai finalmente ser preenchida. É verdade que nunca mais somos tão livres para partir, mas sabe muito melhor regressar.
domingo, 23 de setembro de 2012
O comboio como sala de leituras
É um grande prazer viajar de comboio. Como experiência de vida, um Inter-rail é algo de imperdível. Adorei essa viagem, com todas as aventuras e desventuras, dores nas costas, sede, fome e aquela sensação infinita de liberdade que só esse bilhete na mão dá. Espero que o futebolista, a flaminga e o ursinho um dia tenham oportunidade de a fazer.
O Público hoje noticiava que o comboio era um bom local para se ler e que havia mais gente a ler. É sempre bom quando surge uma notícia que vem de encontro a uma convicção :) Já me tinha apercebido que se vê mais gente a ler (livros) nos comboios. É um óptimo sinal, sempre.
O Público hoje noticiava que o comboio era um bom local para se ler e que havia mais gente a ler. É sempre bom quando surge uma notícia que vem de encontro a uma convicção :) Já me tinha apercebido que se vê mais gente a ler (livros) nos comboios. É um óptimo sinal, sempre.
sábado, 22 de setembro de 2012
Uma nova estação
As viagens cíclicas (elípticas, vá) da Terra presentearam-nos com a maravilhosa sucessão das estações, pelo menos aqui na nossa latitude. Cada estação tem os seus encantos e desencantos próprios, e a sua sucessão traz uma aura de renovação que penso que ajuda também a atravessar outras etapas. Muito bem.
Mas de facto, desde que apareceram o futebolista, a flaminga e o ursinho devo dizer que custa muito a abandonar a despreocupação do verão, a simplicidade da roupa, entre muitas outras coisas. Mas foi-se o encanto de uma tarde ventosa que abana as folhas amarelas a fazerem a sua dança dos ramos para o chão? Não, claro que não... mas depois vêm as insuportáveis alergias (sim, assumo que é a mais difícil parte do ano!), a temperatura a descer e a roupa que já não seca de um dia para o outro... E a beleza daqueles límpidos dias de inverno? Óptimo para romper a monotonia dos dias chuvosos, mas as viroses e os frios, e os xaropes e o ranho, ranho, ranho... E das viagens que ficam por fazer porque o tempo não convida e os dias acabam cedo cedinho. E os matizes floridos da Primavera que pintam as colinas e a chegada das aves migradoras para o seu afã dos ninhos... lindo, mas maior é a ansiedade de voltar a tirar as t-shirts da gaveta!!!
Só um à parte, o ano passado tive oportunidade de viajar em Fevereiro para a uma Europa mais continental e foi muito engraçado mesmo experimentar, de verdade, os rigores da neve. Em suma, para viajar todas as estações e meses são bons, mas para os pequenos nadas do dia-a-dia... Verão, regressa, estás perdoado!!!
Mas de facto, desde que apareceram o futebolista, a flaminga e o ursinho devo dizer que custa muito a abandonar a despreocupação do verão, a simplicidade da roupa, entre muitas outras coisas. Mas foi-se o encanto de uma tarde ventosa que abana as folhas amarelas a fazerem a sua dança dos ramos para o chão? Não, claro que não... mas depois vêm as insuportáveis alergias (sim, assumo que é a mais difícil parte do ano!), a temperatura a descer e a roupa que já não seca de um dia para o outro... E a beleza daqueles límpidos dias de inverno? Óptimo para romper a monotonia dos dias chuvosos, mas as viroses e os frios, e os xaropes e o ranho, ranho, ranho... E das viagens que ficam por fazer porque o tempo não convida e os dias acabam cedo cedinho. E os matizes floridos da Primavera que pintam as colinas e a chegada das aves migradoras para o seu afã dos ninhos... lindo, mas maior é a ansiedade de voltar a tirar as t-shirts da gaveta!!!
Só um à parte, o ano passado tive oportunidade de viajar em Fevereiro para a uma Europa mais continental e foi muito engraçado mesmo experimentar, de verdade, os rigores da neve. Em suma, para viajar todas as estações e meses são bons, mas para os pequenos nadas do dia-a-dia... Verão, regressa, estás perdoado!!!
sexta-feira, 21 de setembro de 2012
Viagem... de poucos segundos com consequências
Um salto para arrumar uma escova e um estrondo... Um coração que cai aos pés com um choro de fundo... É sempre rápido, demasiado rápido para perceber. O ursinho parece são e salvo mas a sua viagem da cama para o chão fez nascer nesta viajante mais uns cabelinhos brancos. E uma angústia fininha cá dentro que vai durar as 48 horas da praxe.
segunda-feira, 17 de setembro de 2012
Viagem à Montanha Mágica I
Podia escrever sobre a austeridade e as nossas expectativas ou falta delas mas neste momento estou farta, farta, farta de tanta desesperança, tanto desalento, tanta fúria e irritação e preciso de outros pensamentos. A seu tempo lá voltarei a essas viagens...
Esta é a minha actual e já longa viagem literária: a Montanha Mágica. A Montanha Mágica é um Clássico. As viagens literárias são viagens maravilhosas e insubstituíveis. E os clássicos, têm isso de bom, nunca desiludem. Demorando mais ou menos tempo a ler, sendo mais ou menos "pesados" dão quase, quase 100% garantia de satisfação. Os clássicos deixam-nos sempre alguma coisa, uma impressão forte após a última página, ou profundos ensinamentos e reflexões que às vezes despertam mais tarde. Mas há outro sentimento, mais recente, que me despertam os clássicos: a sensação de que já deveriam ter sido lidos mais cedo... Porquê? A resposta é difícil de dar: porque se conseguiriam ler mais rapidamente, mais seguidamente? porque se teriam retirado ideias, pensamentos, acções, ensinamentos, que já poderiam ter sido úteis? porque em mais jovens a impressão poderia ter sido mais profunda?
Talvez uma mistura de todos eles... Mas ainda bem que encetei a viagem a esta Montanha Mágica. E quanto a esta viagem propriamente dita? Cá hei-de voltar, quando acabar a viagem...
Esta é a minha actual e já longa viagem literária: a Montanha Mágica. A Montanha Mágica é um Clássico. As viagens literárias são viagens maravilhosas e insubstituíveis. E os clássicos, têm isso de bom, nunca desiludem. Demorando mais ou menos tempo a ler, sendo mais ou menos "pesados" dão quase, quase 100% garantia de satisfação. Os clássicos deixam-nos sempre alguma coisa, uma impressão forte após a última página, ou profundos ensinamentos e reflexões que às vezes despertam mais tarde. Mas há outro sentimento, mais recente, que me despertam os clássicos: a sensação de que já deveriam ter sido lidos mais cedo... Porquê? A resposta é difícil de dar: porque se conseguiriam ler mais rapidamente, mais seguidamente? porque se teriam retirado ideias, pensamentos, acções, ensinamentos, que já poderiam ter sido úteis? porque em mais jovens a impressão poderia ter sido mais profunda?
Talvez uma mistura de todos eles... Mas ainda bem que encetei a viagem a esta Montanha Mágica. E quanto a esta viagem propriamente dita? Cá hei-de voltar, quando acabar a viagem...
quinta-feira, 13 de setembro de 2012
Viagem... a um novo ano lectivo
A normalidade tem coisas boas. O início de um novo ano lectivo, tranquilamente, é pacificador. No meio de toda a crispação, preocupação, irritação, o ano lectivo do futebolista vai começar e tudo se irá iniciar a tempo e horas, organizado, horários prontos, lista de material a postos e vontade de começar, da professora, dele, dos pais e dos colegas. E com saudades da escola. Escola em que estão representadas todas as classes sociais, e sabem que mais? É óptimo. E a escola é óptima. Não me venham denegrir o ensino público porque, como me disse alguém, é o que melhor os prepara para a vida. Novo ano lectivo, bem-vindo! Estamos prontos.
terça-feira, 11 de setembro de 2012
Viagem... para o abismo?
Apesar da situação económica difícil que se vive e por todos reconhecida acho que há muito o hábito do dramatismo excessivo. Vendo bem as coisas é como negociar, de um lado amacia-se as más novas, do outro apresentam-nas mais feias do que são.
Mas neste momento... caminhamos exactamente para onde? Onde vão parar os cortes nos vencimentos, os impostos, a perda de direitos sociais? Não vamos comparar à situação anterior ao 25 de Abril - há que ter senso! que até ofende quem sofreu com as torturas, com os assassinatos... Mas parece estar completamente generalizada a ideia da inevitabilidade de privatizar tudo e mais alguma coisa. Em que é que isso irá ajudar exactamente, sobretudo no caso de empresas que dão lucro? Tantas histórias mal contadas...
Hoje isto foi duro, e vai endurecer mais... E ou sou eu que "não estou a ver bem a cena", mas porque se chama a manif "que se lixe a troika, queremos as nossas vidas..." A troika?! Então e o nosso Governo? Não é dele de facto a responsabilidade última de todas as medidas, algumas que até vão mais além do que está no memorando?
É nestas alturas que se pensa nas tais viagens sem regresso marcado...
Mas neste momento... caminhamos exactamente para onde? Onde vão parar os cortes nos vencimentos, os impostos, a perda de direitos sociais? Não vamos comparar à situação anterior ao 25 de Abril - há que ter senso! que até ofende quem sofreu com as torturas, com os assassinatos... Mas parece estar completamente generalizada a ideia da inevitabilidade de privatizar tudo e mais alguma coisa. Em que é que isso irá ajudar exactamente, sobretudo no caso de empresas que dão lucro? Tantas histórias mal contadas...
Hoje isto foi duro, e vai endurecer mais... E ou sou eu que "não estou a ver bem a cena", mas porque se chama a manif "que se lixe a troika, queremos as nossas vidas..." A troika?! Então e o nosso Governo? Não é dele de facto a responsabilidade última de todas as medidas, algumas que até vão mais além do que está no memorando?
É nestas alturas que se pensa nas tais viagens sem regresso marcado...
segunda-feira, 10 de setembro de 2012
Que bom que não é uma das sete maravilhas! Regresso e um novo ano.
Mas é(são) sem dúvida uma(s) praia(s) maravilhosa(s). Para
miúdos e graúdos, com valores naturais e boa gastronomia, sem gente a mais!!!
Bom tempo, boas noites, excelente mar.
Os meus companheiros de viagem pequenos e grande também se
divertiram imenso. Sim, já é tempo de introduzir os meus companheiros de viagem,
o futebolista, a flaminga e o ursinho. E o Han Solo que é quem conduz a nave,
claro está.
Foram uns dias de alegrias e arrelias, bolachas e água
salgada, coca-cola e bolas de Berlim, barcos e comboios, piscina e mar, ranhos
e tosses, Panda e palco. E amigos, dos bons.
Agora respira fundo, aguenta o corte no vencimento e prepara
o novo ano. Sim, porque para quem tem quem anda na escola o ano começa agora.
Subscrever:
Mensagens (Atom)