Viagens pelo mundo, por Portugal, pela rua. Viagens por terras desconhecidas e viagens interiores, viagens na ponta dos dedos através de teclas ou folhas de papel. Pois se o que importa não é o destino mas a viagem, e o que é a vida senão uma grande viagem...
Viajar! Perder países!
Viajar! Perder países!
Ser outro constantemente,
Por a alma não ter raízes
De viver de ver somente!
Não pertencer nem a mim!
Ir em frente, ir a seguir
A ausência de ter um fim,
E a ânsia de o conseguir!
Viajar assim é viagem.
Mas faço-o sem ter de meu
Mais que o sonho da passagem.
O resto é só terra e céu.
Fernando Pessoa
Ser outro constantemente,
Por a alma não ter raízes
De viver de ver somente!
Não pertencer nem a mim!
Ir em frente, ir a seguir
A ausência de ter um fim,
E a ânsia de o conseguir!
Viajar assim é viagem.
Mas faço-o sem ter de meu
Mais que o sonho da passagem.
O resto é só terra e céu.
Fernando Pessoa
sexta-feira, 31 de agosto de 2012
Dias mornos de Setembro
Dias mornos de Setembro. Areia fina como farinha nos pés. O som do mar calmo ao longe, numa suave cadência. Os sons abafados da praia. O cheiro bom do creme misturado com sal na pele. A cor dourada. A doçura de uma bola-de-berlim. Os sons das andorinhas-do-mar. O canto das cigarras. As noites quentes. O vigor de um mergulho. O prazer de uma sesta. O peixe grelhado no carvão. Dias mornos de Setembro.
quarta-feira, 29 de agosto de 2012
Viagens sem regresso marcado
Nestes tempos de crise económica há muita gente a fazer
malas para ir buscar trabalho “lá fora”. E se dantes se partia para França,
Alemanha, Suiça… agora os chamados países emergentes captam muita gente:
Brasil, Angola…
Sempre tive mais ou menos o sonho de ter uma experiência
profissional “fora”. Mas enfim, não se proporcionou e fui ficando. Um pouco
deprimente é encontrar amigos que não via há muito tempo cujas primeiras
exclamações entusiásticas são: Mas tu ainda aqui estás?? Pensava que estarias
nalgum destino longínquo há muito tempo… Mas adiante.
Este texto é uma espécie de elogio da coragem de uma amiga,
que remando contra muitas dificuldades foi com a família para outro país,
apostando numa oportunidade de trabalho. Se tomar uma decisão destas sozinho
deve dar algum friozinho no estômago, por entre o sentimento de entusiasmo,
então levar toda a família com crianças pequenas… só em preparativos e logística deve ser um
pesadelo.
Não sei se vais ler isto amiga, mas aí onde estás espero que
tudo corra pelo melhor e daqui envio enormes felicitações à vossa coragem. Que
todas as dificuldades sejam ultrapassadas e que seja o início de uma excelente
vida nova, num mundo novo.
sábado, 25 de agosto de 2012
R.I.P. Neil Armstrong
Alguém que como eu atravessou os anos oitenta durante a infância/adolescência acho que não pode deixar de sentir um enorme fascínio sobre as viagens no espaço.
Foi um período fértil em fantasias delirantes sobre viagens espaciais e habitantes de outros planetas!
O bichinho ficou cá sempre. Tenho pena que nos tempos que correm esse imaginário tenha praticamente desaparecido. A imaginação deve ser estimulada, de que outra forma se conseguirão pulverizar as fronteiras do desconhecido?
Continuo a achar maravilhoso observar as noites estreladas e pensar o que haverá para lá daqueles confins... E como nesses momentos é tão gritante a nossa pequenez.
O Neil Armstrong era um pouco a face deste imaginário, até porque o Gagarin desapareceu cedo (demais), quiçá com um final mais romântico. A imagem que guardo é a de um jovem, muito jovem e muito sorridente, de uma alegria quase ingénua chapada no rosto.
Reza a lenda que depois de ir e voltar à Lua Neil Armstrong tornou-se crente.
Foi um período fértil em fantasias delirantes sobre viagens espaciais e habitantes de outros planetas!
O bichinho ficou cá sempre. Tenho pena que nos tempos que correm esse imaginário tenha praticamente desaparecido. A imaginação deve ser estimulada, de que outra forma se conseguirão pulverizar as fronteiras do desconhecido?
Continuo a achar maravilhoso observar as noites estreladas e pensar o que haverá para lá daqueles confins... E como nesses momentos é tão gritante a nossa pequenez.
O Neil Armstrong era um pouco a face deste imaginário, até porque o Gagarin desapareceu cedo (demais), quiçá com um final mais romântico. A imagem que guardo é a de um jovem, muito jovem e muito sorridente, de uma alegria quase ingénua chapada no rosto.
Reza a lenda que depois de ir e voltar à Lua Neil Armstrong tornou-se crente.
sexta-feira, 24 de agosto de 2012
Viagens ao mistério da mente humana
O cérebro humano ainda é um mistério. Quem se aventurou a
ler os livros do Manuel Damásio ficou com uma ideia um pouco mais clara da
dimensão desse desconhecimento.
E este é um facto que é fácil de detectar, embora muito
difícil de perceber. Quantos conselhos médicos não são um atirar no escuro?
Quantos fenómenos clínicos acontecem sem ninguém perceber porquê? Há tão pouco
tempo se localizavam, os sentimentos, no coração, e a alma… não sei bem onde! É
tudo no cérebro, mais sinapse, menos sinapse, aquilo que nos recordamos como
fazer, as nossas memórias, não são que mais caminhos que já percorremos no
nosso cérebro e que voltamos a fazer… lá está, viagens, uma vez mais…
As doenças psíquicas são reconhecidamente caminhos de
mistério dos quais aos poucos e poucos se vão obtendo mais umas migalhas de
conhecimento. Esta semana o Público noticiou um estudo que apresentava
evidências que os espermatozóides acumulavam progressivamente mutações ao longo
dos anos. Donde concluíram: pais mais velhos, filhos feitos com espermatozóides
com mais mutações. Sugeriam uma associação com doenças como o autismo e a
esquizofrenia. Acredito que possa acontecer, sim. E evolutivamente sempre tive
cá o feelingzinho que os pais muito velhos haviam de ter algum tipo de
desvantagem (biológica). Cá estão elas a emergir…
Houve um filme que me marcou imenso nesta temática dos
mistérios insondáveis do cérebro. Uma mente brilhante. Tive que o ver algumas
vezes para ele chegar cá fundo. Mas chegou. Como é que um homem, um matemático
absolutamente genial, cria um mundo paralelo que é onde vive, povoado de
personagens reais (para ele), feito de uma lógica real (para ele). Como é que
sobreviveu aos tratamentos absolutamente bárbaros da altura e conseguiu
controlar (atenção controlar e não curar) o seu problema. E como depois de tudo
isso estabeleceu uma teoria matemática genial e acabou por ganhar o prémio
nobel. E como teve ao lado dele uma mulher que o ajudou a superar algo tão
avassalador e, ainda por cima, na altura muito mais desconhecido.
Tirei do filme um ensinamento fundamental: cada um de nós tem
a sua própria realidade; e esta pode, no fundo, não ser real. Há quem chore ao
ver o Campeão ou o África Minha. Mas este para mim foi um filme absolutamente
comovente. Não sei a quantidade de fantasia de Hollywood que lá está; mas mesmo
os poucos factos reais do fim do filme são para mim suficientes para encarar
essa pessoa com um respeito imenso. Porque é preciso uma enorme coragem para
travar as guerras interiores; é a mais solitária das viagens.
quarta-feira, 22 de agosto de 2012
A viagem começa… pela ponta dos seus dedos… ou na hora da verdade?
Uma viagem programada só se torna verdadeiramente real
quando alguma coisa acontece. Quando se faz uma reserva, quando se tem um
bilhete na mão… Aí começa-se a antecipar, cresce uma excitação interior… que o
mais certo é arrefecer até à hora da partida.
Mas há quem não partilhe desta “falsa partida”. Será verdade
que para alguns o planeamento da viagem é quase (ou mais!) excitante que a
própria viagem? E a que nível deverá ir esse planeamento? Se é certo que o
sabor da aventura de ir sem grandes planos é tentador, andar ao serão de local
em local à procura de dormida não tem grande romantismo, pelo menos no momento…
A preparação da viagem será responsável por algumas
decepções? A idealização daquilo que vamos ver pode não corresponder à
realidade. Um pouco como ver o filme depois de ler o livro… geralmente
desilude. Será que a imagem que fazemos na nossa cabeça é sempre mais perfeita
do que aquilo que nos espera?
Não costumo idealizar viagens – por manifesta falta de tempo
não tenho tempo de estudar o que quero ver (nem mesmo para pensar no assunto,
na realidade), excepto a partir do momento de entrada no meio de transporte que
me levará ao local. Assim, o espírito vai aberto. O que tem vantagens e
desvantagens, obviamente.
Que outras experiências haverá entre outros viajantes?
Quando começa a viagem afinal – no momento do “embarque”? No momento do
primeiro pagamento? Ou do primeiro planeamento? E planear, estudar o que se vai
ver? Muito, pouco… ou nada?
terça-feira, 21 de agosto de 2012
Iniciam-se hoje estes cadernos de viagens. O poema do Fernando Pessoa é a descrição perfeita deste blogue, das múltiplas viagens em que embarcamos, umas propositadamente, outras não. Nestes cadernos vão aparecer vários personagens, uns mais constantes que outros. Qualquer semelhança com a vida real não é mera coincidência!
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