Viajar! Perder países!

Viajar! Perder países!
Ser outro constantemente,
Por a alma não ter raízes
De viver de ver somente!

Não pertencer nem a mim!
Ir em frente, ir a seguir
A ausência de ter um fim,
E a ânsia de o conseguir!

Viajar assim é viagem.
Mas faço-o sem ter de meu
Mais que o sonho da passagem.
O resto é só terra e céu.

Fernando Pessoa

domingo, 31 de janeiro de 2016

Ao sábado sou taxista

De manhã levo o futebolista para o jogo; três horas depois trago-o de volta; passado algum tempo levo-o à natação; volto e um bocado depois vou apanhar a flaminga a uma festa; trago também dois amigos e levo-os a casa; e, enfim, regresso então à minha toca.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Momentos XLI

Ursinho, revoltado por ver que o irmão não tinha aulas:
-Mas porque é que eu não tive greve?

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Changes

Ainda a ouvir muito Bowie, é inevitável refletir sobre uma tema indissociável do mesmo, a mudança.
Há poucos dias li que, embora lhe chamem camaleão, ele seria precisamente o contrario: em vez de se mimetizar com a envolvencia, as suas mudanças destacavam-no precisamente da envolvencia. E foi por isso que foi pioneiro em tanta coisa e por isso também que marcou tanto o mundo da música.
Mas sobre as mudanças: nós, a maioria das pessoas, e eu também, instintivamente tendemos a evitá-las. Porquê? Resume-se tudo a medo do desconhecido? Poupança de energia? Não vi até hoje nenhuma justificação convincente.
Tenho a profunda convicção de que a mudança é absolutamente essencial, a todos os níveis, para podermos evoluir. Ok, não soa a grande novidade. Talvez não. Mas penso e tento incutir naquilo que penso e faço, em coisas pequenas e grandes, que devemos mesmo forçar a mudança.
Mesmo quando nos sentimos confortáveis com determinadas práticas (ou teorias), a sua alteração, a tempos, traz-nos ums frescura que nos permite ampliar perspetivas, de outra forma impossível. Mudar de cores, mudar de tipo de livro e música que lemos e ouvimos, mudar de percursos, de lugar de férias, de corte de cabelo, de pessoas que ouvimos. De prisma de avaliar os assuntos, de pressupostos, de discurso, de comida, de tanta e tanta coisa. Apesar da primeira reação de negação há aqui uma tentação irresistível e na maioria das vezes, positiva.
Mesmo quando nos parece que uma mudança pode ser para pior, penso que mesmo assim em boa parte das vezes, vale a pena: uma mudança desencadeia ação e reação... Ao contrário da inação.
Os artistas que se deixam ficar na sua área de conforto deixam de se superar. E nós também. Cha-cha-cha-changeeeess!!

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Conversas

Urgência de um hospital. Horas de espera.
Uma idosa muito idosa era acompanhada por uma jovem invulgarmente carinhosa (familiar ou cuidadora?),que conversava com ela e lhe dava festas no cabelo. A velhinha muito pouco falava, ou o que falava não se percebia.
Jovem:-Vamos já para casa, está bem? E vamos comer a papa!
Velhinha:-Um copo de vinho é que era bom...

sábado, 16 de janeiro de 2016

RIP David Bowie

Não me recordo da morte de um artista me ter marcado tanto como a deste.
Um misto de pena, respeito e, de alguma forma, algum fascínio, pela forma como se manteve a trabalhar e partilhou a sua morte anunciada no seu último álbum.
Não sou uma fã - no sentido fanático do termo. Nessa perspetiva não me considero fã de ninguém, aliás. Mas a sua música diz-me muito e era sem dúvida um dos músicos que atualmente mais apreciava.
Retrospetivamente reparo que a música dele nunca me deixou indiferente: numa altura em que não ligava ainda muito à música, e se calhar sem saber dizer se gostava, o Let's dance ficou-me no ouvido. E depois, lentamente, e ao longo de anos mais recentes, fui pouco a pouco começando a apreciar muitas das suas músicas.
De tal forma que a sua música se tornou companhia muito assídua enquanto trabalho, não passando uma semana sem a ouvir.
Estava curiosa para ouvir o último álbum e com muita vontade de o fazer.
O que dizer mais? Acredito profundamente que sim, que podemos ser heróis mesmo que só por um dia.

sábado, 9 de janeiro de 2016

Frases de Agatha Christie II

"As life goes on it becomes tiring to keep up the character you invented for yourself,and so you relapse into individuality and become more like yourself everyday"
Dá que pensar...

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

E hoje foi assim

140 gamos, umas dezenas de veados, uma cerva que se aproximou a pontos de esfregar a cabeça no capot do carro, uma raposa próxima em pleno dia, um perna-verde, várias ochropus,uma narceja e um guarda-rios a pescar todos no mesmo pequeno charco, mais umas poucas dezenas de grifos and so on... Assim até chuva e frio valem a pena!