Viajar! Perder países!

Viajar! Perder países!
Ser outro constantemente,
Por a alma não ter raízes
De viver de ver somente!

Não pertencer nem a mim!
Ir em frente, ir a seguir
A ausência de ter um fim,
E a ânsia de o conseguir!

Viajar assim é viagem.
Mas faço-o sem ter de meu
Mais que o sonho da passagem.
O resto é só terra e céu.

Fernando Pessoa

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Carta ao Pai Natal

Olá Pai Natal,
sabes, eu nunca me lembro de acreditar em ti. Sempre fui de poucas crenças. Mas assim como assim, mal não há-de fazer, e portanto deixo aqui umas sugestões se me quiseres presentear. Se não, também não faz mal, fica para uma próxima e eu percebo o castigo pela falta de crença. Que aliás também nunca inculquei muito nos miúdos.
Olha, eu gostava de manter a qualidade de vida que temos, dois a trabalhar cá em casa e os miúdos sem lhes faltar nada. E saúde, muita saúde. Isto é o principal.
Depois, e como não podemos ser pobres no pedir, junto mais umas coisinhas: gostava de conseguir dormir bem na maior parte das noites do ano, ou seja, que os miúdos durmam bem na maior parte das noites do ano. Gostava de ter uma dose extra de dinheiro e energia para voltar finalmente a fazer desporto. Gostava que a pobreza começasse a inverter no meu país e as pessoas começassem a ter uma vida mais decente. Gostava que uma série de gente de (e no) poder de lá saísse. Gostava que o rendimento desse para fazer uma viagem (como deve ser) e levar os miúdos. Gostava que o futebolista aprendesse a nadar. Gostava que a flaminga e o ursinho se mantivessem na mesma escola. Gostava de conseguir ser mais paciente. Gostava de continuar a ser feliz como sou.
Obrigada,
Viajante

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