Viajar! Perder países!

Viajar! Perder países!
Ser outro constantemente,
Por a alma não ter raízes
De viver de ver somente!

Não pertencer nem a mim!
Ir em frente, ir a seguir
A ausência de ter um fim,
E a ânsia de o conseguir!

Viajar assim é viagem.
Mas faço-o sem ter de meu
Mais que o sonho da passagem.
O resto é só terra e céu.

Fernando Pessoa

domingo, 30 de dezembro de 2012

Momentos IV

Mostrando à flaminga a minha maquilhagem de Natal: - Gostas, flaminga? Diz ela após observação, de semblante imperscrutável - Pareces a filha dos monstros do filme que eu vi...

sábado, 29 de dezembro de 2012

E para acabar o ano em beleza...

...eis que chega a amiga gripe!!
Ao menos que a despache em 2012... :P
Bom último dia do ano para todos.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Foi Natal, foi Natal...

...já foi. Por aqui época de muita correria de casa em casa, com muita gente em cada uma. É sempre uma animação, sobretudo para as crianças, e entre essas para as mais novas, para quem tudo tem ar de novidade e andam numa excitação louca nestes dias.
Este ano na véspera de Natal, com parte da família, não houve prendas (só da família mais directa, que combinou presentear-se no dia seguinte, com outra parte da família). Tenho confessar que fiquei orgulhosa dos filhotes, por não terem reivindicado prendas nessa noite.
Foi um Natal tranquilo, alegre, de convívio. No fundo, aquilo que o Natal deve ser. By the way, antes da chegada da religião católica, já os romanos celebravam as festas saturninas, em honra de Saturno, que celebravam o "fim das trevas", ou seja, o crescimento dos dias a partir do solstício de Inverno. Para além das oferendas aos deuses, diz-se que nestas festividades pagãs também se fazia troca de prendas... Não se mudou muito mais que o nome, afinal... E não é preciso afirmar-se católico quem festeja o Natal, nem é uma festa só de católicos, são sim festejos cuja génese se perdeu no tempo...

domingo, 23 de dezembro de 2012

Momentos III

Futebolista: -Mãe, ainda bem que começaste a namorar com o pai! Senão eu não existia nem tinha Natal!

sábado, 22 de dezembro de 2012

Recomendo, sobre Isabel Jonet e...moralismo, não, obrigada!

Não contava em escrever sobre esta pseudo-polémica, até porque acho que já se escreveu demais, mas não posso deixar de referir o texto do Daniel Oliveira sobre o tema. Isto porque praticamente traduz o meu pensamento sobre o assunto, e se tivesse que o fazer, este era o texto que eu gostaria de ter escrito.

http://expresso.sapo.pt/isabel-jonet-a-caridade-e-a-solidariedade=f774919

Acima de tudo, e penso que esta deve ser uma opinião partilhada por muitos, estou farta, farta, farta dos discursos moralistas com que estamos constantemente a ser bombardeados. É assim, não acho que tenha muitas lições de moral a receber destes pregadores de praça pública. Viver acima das possibilidades? Quem diz isso sabe o que realmente se passa na vida e na casa de cada um? Os idosos de pensões miseráveis que não têm capacidade de pagar os medicamentos de que necessitam vivem acima das suas possibilidades? Os pais que não têm capacidade de alimentar devidamente os filhos vivem acima das suas possibilidades? Pois ainda bem, quer dizer que conseguiram um pouco mais do que a miséria lhes proporcionou. E as instituições bancárias que andaram a impingir facilidades e créditos a todo o Portugal, quantas vezes não mais correctamente designadas por publicidade enganosa, e a prometer amanhãs que cantam a quem não tinha nem podia possuir a cultura económica que lhes permitisse aperceber do logro? Já foi medida a sua responsabilidade nesta vivência acima das possibilidades?
Tantos exemplos de discursos moralistas de quem tem tão baixa moral (e agora não estou aqui a incluir a Isabel Jonet, embora também dispense os seus moralismos). Tentem não cair demasiado no ridículo...

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Momentos II

Ursinho, já depois das histórias lidas, quer levar o livro para cama (volta atrás para o apanhar); depois não quer (volta atrás para o deixar); depois quer (volta atrás para o apanhar). -Já chega, estás-te a portar mal!, digo eu, enquanto o levo ao colo para a cama. - És feia! (diz o ursinho). - E tu, o que és?, pergunto eu. Ele faz um compasso de espera, pensativo, e finalmente responde.  - Feio!

domingo, 16 de dezembro de 2012

Viagem... literária ao Japão das gueixas

Hoje tive o raro privilégio de ter uma ou duas horitas só com o ursinho cá em casa (a dormir) e em parte do tempo pude deleitar-me no sofá a ler um livro, mais que os 10 minutos habituais ao deitar. Aqui há uns anos atrás passava horas seguidas a ler e era tão, tão bom. Hoje foi óptimo aquele bocadinho.
A minha actual viagem literária são as "Memórias de uma gueixa". Já tinha o livro em casa há um tempo (acho que nem é meu) e não me despertava interesse por aí além. Mas após acabar o "Sidereus Nuncius" achei que era tempo de algo mais ligeiro e lá embarquei nesta viagem. Está já perto do fim e é interessante saber mais sobre as gueixas, efectivamente. O Japão (e essa zona do globo, em geral) é realmente algo de muito diferente da nossa cultura. As cabeças das suas gentes estão arrumadas de forma muito diferente e olham para tudo de maneira diferente, sem sombra de dúvida que é assim. E há que ceder à tentação da comparação constante e de se achar que "aquilo não faz sentido". Há muito tempo lembro-me de um professor numa aula dizer que "o europeu era essencialmente pragmático e individualista; ao ser-lhe posta uma questão o seu instinto levava-o a responder logo negativa ou afirmativamente e seguidamente apresentar a sua justificação. O asiático ponderava cuidadosamente os prós e contras e salientava desvantagens e vantagens. Não era para ele muito relevante mencionar acordo ou desacordo mas as correntes contrárias em jogo. Ao observar as minhas próprias reacções identifiquei-me 100% europeia. Por todas as razões, só me fará bem mais informação sobre outras culturas! Sem perder a identidade, ganhar em compreensão.
Ora sobre este universo das gueixas, é difícil abstrair-me do facto nu e cru de que se tratavam de crianças que desde de tenra idade eram treinadas para "entreter" homens e viver mais tarde à sua custa; não muito diferente de "alta" prostituição (embora num universo mais amplo e complexo). Não pretendo ofender a cultura e não é com preconceito que faço esta afirmação; mas é inegável o paralelismo à luz da nossa cultura...
Mas pensando um pouco mais a fundo, na verdade não é isso que é mais relevante. Num sentido lato, na nossa cultura não há tantas mulheres a viver à custa de homens, ou tentando às suas custas obter muitas vantagens? Claro que sim.
O âmago da questão é que este universo das gueixas é mais um testemunho da subjugação feminina e da masculinização da sociedade, mais uma marca da exploração profunda sofrida pelas mulheres, em tantas épocas, em tantos países. Porque terão as sociedades evoluído assim? É o Homem (a humanidade, homem e mulher!) incapaz de se organizar sem tiranizar? E porque foram as mulheres objecto privilegiado desta tirania mundo fora, séculos fora? Que feridas e cicatrizes (psicológicas, e profundas) guardam ainda as sociedades ditas desenvolvidas (já para não falar nas outras) cujos frios indicadores matemáticos confirmam desde há tempo a igualdade entre sexos?

sábado, 15 de dezembro de 2012

Viagem... ao universo das armas

É um tema muito pouco natalício, é certo. Mas estes crimes sem sentido e direccionados a pessoas completamente inocentes impressionam-me sempre como se fosse a primeira vez que ouvisse falar deles. É evidente que o mundo está cheio de crimes contra inocentes,e tanto, tanto se poderia dizer sobre isso.
Mas aqui e agora refiro-me ao que ontem aconteceu nos Estados Unidos, uma vez mais, que tem pelos vistos a maior taxa de loucos que têm armas e que escolhem criteriosamente locais e vítimas que não poderiam ser mais alheios ao que o destino lhes traçou.
São pessoas que só podem ser profundamente desequilibradas. Mas como se pode argumentar que possuir armas é um direito e uma liberdade (pasme-se, nalguns Estados dos EUA a única restrição é... que só se pode comprar uma arma(!) por mês) quando os loucos varridos têm tanta facilidade em obtê-las e em assassinar inocentes em barda? E o direito dos pais a terem os filhos seguros numa escola, onde fica?
Odeio armas e, embora seja geralmente um pouco avessa a proibições radicais (que muito frequentemente trazem consequências perversas), não vejo nenhuma boa razão para um cidadão poder adquirir armas (com as excepções profissionais óbvias). E mesmo os que possuem armas de caça deviam ser sujeitos a rigorosos e frequentes avaliações do seu estado psicológico (e os profissionais, polícia, militares também!). É preciso morrerem muitas mais crianças (e outros inocentes) para se reverter esta estúpida e perigosa cultura das armas?


quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Momentos I

Falando para ursinho, de 2 anos e meio, em tom já meio zangado: -Tens que deixar a mamã comer, se não a mamã fica doente!
Ele estende a mão até à minha testa: - Não tem, mamã, não tem!

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Carta ao Pai Natal

Olá Pai Natal,
sabes, eu nunca me lembro de acreditar em ti. Sempre fui de poucas crenças. Mas assim como assim, mal não há-de fazer, e portanto deixo aqui umas sugestões se me quiseres presentear. Se não, também não faz mal, fica para uma próxima e eu percebo o castigo pela falta de crença. Que aliás também nunca inculquei muito nos miúdos.
Olha, eu gostava de manter a qualidade de vida que temos, dois a trabalhar cá em casa e os miúdos sem lhes faltar nada. E saúde, muita saúde. Isto é o principal.
Depois, e como não podemos ser pobres no pedir, junto mais umas coisinhas: gostava de conseguir dormir bem na maior parte das noites do ano, ou seja, que os miúdos durmam bem na maior parte das noites do ano. Gostava de ter uma dose extra de dinheiro e energia para voltar finalmente a fazer desporto. Gostava que a pobreza começasse a inverter no meu país e as pessoas começassem a ter uma vida mais decente. Gostava que uma série de gente de (e no) poder de lá saísse. Gostava que o rendimento desse para fazer uma viagem (como deve ser) e levar os miúdos. Gostava que o futebolista aprendesse a nadar. Gostava que a flaminga e o ursinho se mantivessem na mesma escola. Gostava de conseguir ser mais paciente. Gostava de continuar a ser feliz como sou.
Obrigada,
Viajante

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Da fúria

Porque será que às vezes se dá um clique... que desencadeia uma irritação tal que muito demora até que nos livremos dela? E que até passar qualquer pequena coisa contribui e alimenta o monstro, qual lenha atirada para a fogueira? Só me vem à cabeça a imagem de moléculas desvairadas a chocarem umas com as outras cá dentro, até a energia se acabar e finalmente ficarem quietinhas.

domingo, 9 de dezembro de 2012

Um Natal diferente

Este foi o fim-de-semana de montagem da árvore de Natal. É sempre um momento de grande animação. Hábito importado ou não, é um bonito hábito e tem atravessado gerações. E que mal há em importar as boas tradições?
Este vai ser um Natal diferente. Mais austero e com mais preocupações na cabeça. Um Natal em que será bom que nos lembremos que o importante de facto é estarmos todos juntos, é estarmos todos aqui, e sentirmos que podemos contar uns com os outros. Para o que der e vier. Se nos abstrairmos das causas, este é um bom conceito a reter. E o conceito que eu gostaria que se fosse inculcando no futebolista, na flaminga e no ursinho.
O Natal é de facto aquilo que um homem (/mulher) quiser. O Natal é aquilo que nós quisermos. Respeitando todas as sensibilidades, talvez este conceito de Natal seja aquilo que há muito sinto que o Natal devia ser. Embora seja com angústia que assista ao que o motivou esta aproximação ao meu conceito.

sábado, 8 de dezembro de 2012

obrigada por 1000 leituras!

E os "Cadernos" atingiram as 1000 visualizações. Obrigada a todos os que têm partilhado estas viagens!
Venham mais 1000!

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Da estação (do ano)



Porque será que quando somos atingidos pela gripe (ou algo do género) está-se mesmo bem é enroscado numa manta e a não fazer nada de nada, a não querer saber nada de nada…?
Será o corpo a dizer que quer o máximo de descanso para mandar fora os vírus e amigas bactérias? Será simplesmente porque as baterias estão low?
Já que tem que ser ao menos que seja assim, a olhar pela janela e a ver lá fora um dia invernoso como deve ser, a ouvir a chuva e o ruído familiar da máquina de lavar na divisão ao lado. Às vezes é bom que as coisas estejam arrumadinhas, cada uma no seu sítio (temporal): a gripe é (mesmo!) uma das tradições de outono/inverno.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

36 x 365,25 noites

E às minhas 36 x 365,25 noites recebo as 1001 noites... :)
Ahhh... tantas noites de leitura se perspectivam (os meus 10-15 minutos zen).
As minhas noites são mais claras do que eram, mais interrompidas do que eram, com mais preocupações do que tinham, mais felizes do que eram.
Pronta para mais 36 x 365,25 dias e noites, e felizes como estes foram. Obrigada a todos os que fazem os meus dias felizes.