Viajar! Perder países!

Viajar! Perder países!
Ser outro constantemente,
Por a alma não ter raízes
De viver de ver somente!

Não pertencer nem a mim!
Ir em frente, ir a seguir
A ausência de ter um fim,
E a ânsia de o conseguir!

Viajar assim é viagem.
Mas faço-o sem ter de meu
Mais que o sonho da passagem.
O resto é só terra e céu.

Fernando Pessoa

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Opções

A vida é feita de opções. Tempos houve em que acreditava (e praticava, na medida do possível), o lema de que nada é impossível. E sim, digo-o sem pejo, fiz muita, muita coisa em boa parte da minha vida. Ter muitos interesses é bom (continuo a achar que sim), experimentar muito em sentido lato é bom, a diversidade é algo de fundamental, até para nos abrir horizontes.
Mas é fundamental perceber onde estão os nossos limites, não só em termos de quantidade, mas também de qualidade. E estabelecer as nossas fronteiras. Para além da questão quantidade, até onde queremos ir, reconhecer a questão da qualidade é um passo extremamente importante. Até porque nos limita a parte da quantidade, o que numa pessoa como eu não é nada linear. É até muito complicado.
Continuo a lutar entre a quantidade vs. qualidade, por exemplo quando penso que o tempo médio de vida humana é curto para a quantidade de livros que gostaria de ler. Mas talvez a escolha criteriosa seja o mais importante.
Fazer opções. Elas rodeiam-nos todos os dias, em todas as dimensões. E não, não é tão simples como "preferes fazer muito ou preferes fazer bem?" Eu tento e sempre tentei fazer o melhor possível. Mas talvez a partir de certa altura tenha começado a valorizar mais o gosto que tiro das coisas. E para isso fazer opções é fundamental.
Fazer opções, conscientes, é uma forma de estar na vida. É uma verdadeira opção de vida.
Não é fácil torcer a nossa natureza mas lembrar-me das minhas opções tem-me dado uma serenidade preciosa e tem sido uma bússola em momentos de alguma desorientação.
E acabo com mais uma frase que não é minha, mas que se poderia tornar um lema: Ter coragem não é avançar quando não se tem opção, é decidir entre várias alternativas.

2 comentários:

  1. :)
    É isso mesmo.
    Também aprendi a conhecer os meus limites, a bem da minha saúde e do bem estar de quem me rodeia.
    O meu pai dizia-me muito uma frase, que na altura me irritava imenso, mas que agora ouço-me a dizê-la ao Tiago: "não podes andar em dois carrinhos ao mesmo tempo." É importante saber escolher.

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    1. Sabes que tu me falaste (já há uns bons anos) nessa frase e nunca me esqueci dela. E nessa altura achava mesmo que podia andar em dois carrinhos ao mesmo tempo.

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