O tempo e a sua passagem sempre foi um tema que me fascinou.
Não propriamente o envelhecimento - esse até se encaixa como o fenómeno mais natural. Mas as mudanças que se vão operando sobre nós, fruto da nossa experiência mas também, acho eu, da própria passagem do tempo, nunca deixam de me surpreender.
No extremo, fico a pensar até onde se pode propagar a nossa mudança, e se isso, no fim de contas, é positivo ou negativo. Será que não acaba por ser uma evidência das nossas limitações enquanto humanos, repetindo padrões por ciclos, e de cada um, acrescentando muito pouca evolução?
Noto claramente uma diminuição da minha impulsividade e ímpeto de reação, substituída, progressivamente, por uma maior premeditação e medida de consequências. Permite sem dúvida um controlo maior, mas tenho dúvidas que seja tão eficaz como escape de stresses acumulados.
As escolhas vão, contudo, ficando mais claras. Como a própria noção de que, efectivamente, estas estão presentes em tudo o que nos rodeia.
Viagens pelo mundo, por Portugal, pela rua. Viagens por terras desconhecidas e viagens interiores, viagens na ponta dos dedos através de teclas ou folhas de papel. Pois se o que importa não é o destino mas a viagem, e o que é a vida senão uma grande viagem...
Viajar! Perder países!
Viajar! Perder países!
Ser outro constantemente,
Por a alma não ter raízes
De viver de ver somente!
Não pertencer nem a mim!
Ir em frente, ir a seguir
A ausência de ter um fim,
E a ânsia de o conseguir!
Viajar assim é viagem.
Mas faço-o sem ter de meu
Mais que o sonho da passagem.
O resto é só terra e céu.
Fernando Pessoa
Ser outro constantemente,
Por a alma não ter raízes
De viver de ver somente!
Não pertencer nem a mim!
Ir em frente, ir a seguir
A ausência de ter um fim,
E a ânsia de o conseguir!
Viajar assim é viagem.
Mas faço-o sem ter de meu
Mais que o sonho da passagem.
O resto é só terra e céu.
Fernando Pessoa
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